O emprego mais rotineiro da CCS nos rebanhos leiteiros é o de indicador da mastite subclínica e, mais recentemente, como critério de pagamento por qualidade do leite. Para os produtores, a CCS pode ser usada como ferramenta de gestão e monitoramento e tem cada vez mais espaço dentro da fazenda leiteira, pois está diretamente relacionada com oportunidades de redução de perdas de produção e maior remuneração do leite.
De uma maneira objetiva, o leite com baixa CCS significa que as vacas apresentam boa saúde do úbere e, consequentemente, o leite produzido é de boa qualidade. A relevância da utilização da CCS para monitorar a mastite é maior em rebanhos nos quais os principais agentes causadores são os contagiosos, enquanto que nos rebanhos com predominância de agentes ambientais, a CCS do tanque tem uma importância limitada como ferramenta de monitoramento.
Além do uso consagrado da CCS para monitoramento da mastite, esta análise pode ainda ser usada como um indicador geral das condições higiênicas de produção na fazenda e como avaliação do risco de ocorrência de resíduos de antibióticos no leite.
Já existem estudos científicos comprovando que rebanhos com maior ocorrência de mastite, que resulta em aumento da CCS do tanque, apresentam maior risco de ocorrência de problemas de resíduos de antibióticos no leite, uma vez que em tais rebanhos a freqüência de tratamentos intramamários contra mastite é maior. Desta forma, a redução da CCS do tanque traz como benefício também a diminuição dos riscos relacionados com resíduos de antibióticos.
Em um estudo recente, a relação entre CCS e a CBT (contagem bacteriana total) de rebanhos leiteiros foi avaliada, buscando-se assim identificar a importância e utilidade da aplicação da CCS do tanque como indicador das condições higiênicas de produção.
Para tanto, foram estudados mais de 70 mil resultados de CCS e CBT, provenientes de análises automatizadas, de rebanhos leiteiros europeus, cujo limite máximo legal para a CCS é de 400 mil células/ml para o leite destinado ao consumo humano. Todo o conjunto de dados foi analisado quanto à correlação entre a CCS e CBT.
Quando foram analisados todos os dados do estudo, o coeficiente de correlação entre CCS e CBT foi baixo (0,18), indicando, neste caso, que a CCS do tanque não fornece informações suficientes sobre as condições higiênicas de produção de leite no conjunto dos rebanhos estudados.
No entanto, quando foram categorizados os rebanhos que ultrapassaram o limite máximo de CCS de 400 mil cel/ml (cerca de 12% do total estudado), o coeficiente de correlação entre CCS e CBT foi de 0,84, indicando uma alta correlação entre estes dois critérios de qualidade.
Estes resultados demonstram que os rebanhos com maiores médias de CCS apresentaram as piores condições de higiene na produção de leite, o que pode ser um dos fatores relacionados com a dificuldade de controle de mastite. Desta forma, o estudo descrito indica que a porcentagem de rebanhos que excedeu o limite máximo de CCS para a Comunidade Européia pode ser usada também para a identificação de problemas de higiene e reforça mais o conceito de que deficiências de higiene, além de conseqüências negativas para a qualidade microbiológica do leite, implicam em maiores obstáculos para o controle da mastite.
Fonte: Rysanek e Babak. Journal of Dairy Research, v.72, p.1-6, 2005.