Nesta última quinta-feira (12), a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou os dados do seu último levantamento para a safra 2023/24. Em relação ao levantamento anterior, a estimativa para a produção total de milho apresentou um pequeno recuo de 0,2%, resultando em um decréscimo de 12,3% quando comparado a safra passada. A queda é motivada pela redução da área plantada de milho, segundo a Conab.
A safra de soja não sofreu grandes alterações, uma vez que a colheita da safra de verão foi concluída em julho. Apesar das adversidades climáticas enfrentadas na maioria das regiões, os resultados ainda são considerados satisfatórios, especialmente considerando os extremos climáticos que afetaram diversos estados produtores em diferentes estádios de desenvolvimento da cultura.
Os gráficos abaixo apresentam as projeções mais recentes de produção total de milho e soja brasileiras.
Gráfico 1. Série histórica e projeção da produção de milho total no Brasil (milhões de toneladas).
Gráfico 2. Série histórica e projeção da produção de soja no Brasil (milhões de toneladas).
Com a menor oferta de grãos de milho no Brasil e a maior oferta disponível no mercado internacional, resultado da boa condução das safras nos EUA e o avanço da colheita na Argentina, é esperado que o Brasil reduza o volume de suas exportações de milho. Isso pode influenciar os preços no mercado físico dos grãos, potencialmente exercendo pressão sobre os valores praticados internamente.
No lado da soja, a oferta permanece estável, com um volume de negociações ainda moderado. Os produtores estão atentos à variação do dólar para otimizar a comercialização nos portos e monitoram de perto a forte estiagem das últimas semanas, que pode afetar o calendário de plantio da próxima safra.
Como pode ser observado nos gráficos abaixo, os preços do milho no mercado físico subiram em relação ao mês passado, refletindo um aumento no ritmo de comercialização do grão. Em contraste, os preços da soja diminuíram em comparação a julho, devido a um ritmo de negociações mais lento e a uma ampla oferta do grão no mercado internacional.
Gráfico 3. Preços do milho no mercado físico em Campinas/SP e no mercado futuro.
Gráfico 4. Preços da soja no mercado físico e no mercado futuro em Paranaguá/PR.
Por outro lado, a colheita brasileira avançou significativamente, alcançando 99,7% da área prevista para o milho safrinha e 100% para a soja até o último dia 8, conforme indicado nas tabelas abaixo com dados da Conab.
Tabela 1. Acompanhamento da colheita de milho 2ª safra no Brasil.
Tabela 2. Acompanhamento da colheita de soja no Brasil.
O estado do Rio Grande do Sul teve um bom desempenho tanto na safra de soja quanto na primeira safra de milho. Apesar das enchentes que ocorreram no final da colheita da soja, o estado conseguiu manter uma recuperação significativa em sua produtividade.
Dentro do cenário internacional, os pontos principais para a próxima safra foram discutidos por Leonardo Machado, da IFAG, no último Fórum MilkPoint Mercado, realizado em Goiânia no último mês. Leonardo apontou que para a soja, o mercado estará altamente ofertado na próxima safra, podendo atingir até mesmo o recorde histórico na produção da oleaginosa, aumentando seus estoques mundiais e podendo ser o fator principal para pressionar os preços praticados internacionalmente, com a ressalva da taxa de câmbio e para as exportações brasileiras para os impactos que podem ser causados nos preços que serão praticados no mercado físico brasileiro.
Para o milho, Leonardo também ressaltou como os preços brasileiros já estão sendo pressionados esse ano por conta do aumento na oferta global, e como as exportações brasileiras também podem alterar o cenário de preços dentro do Brasil, gerando o avanço nos preços futuros da B3 que são observados hoje diante da expectativa de aumento do consumo do milho por outros países, como China.
No cenário agroclimático, a previsão meteorológica indica uma probabilidade de 71% para o desenvolvimento de La Niña entre setembro e novembro de 2024. Os meteorologistas da NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) esperam que, apesar de sua intensidade fraca, a La Niña deva persistir durante o inverno no Hemisfério Norte.