Após o expressivo aumento nas importações de lácteos no mês de julho, no mês de agosto as importações voltaram a recuar, gerando uma recuperação no saldo da balança comercial de lácteos. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo registrado no mês chegou a -179 milhões de litros em equivalente-leite, registrando uma alta mensal de 56 milhões de litros em relação a julho, conforme pode ser observado no gráfico 1.
Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos – equivalente leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
As exportações de lácteos apresentaram um recuo no último mês, atingindo o menor volume mensal exportado neste ano. Com 4,1 milhões de litros em equivalente-leite exportados em agosto, a queda mensal foi de 57%, retornando a um patamar semelhante ao observado anteriormente para as exportações brasileiras, conforme mostra o gráfico 2.
Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
As importações de agosto apresentaram uma queda mensal. Ao todo, foram importados cerca 182,7 milhões de litros em equivalente leite, registrando uma queda mensal de 25,1%, como mostra o gráfico 3. Apesar do recuo, as importações de lácteos ainda se mantém em um patamar considerado elevado, também semelhante ao observado nos meses anteriores deste ano.
Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Em relação às categorias importadas no último mês, o produto de maior relevância seguiu sendo o leite em pó integral industrial, que apresentou um recuo mensal em seu volume importado de menos 31%. Outros produtos de maior relevância, como os queijos e o leite em pó desnatado também apresentaram recuos em suas importações, de -6% e -37%, respectivamente.
Por outro lado, uma outra categoria, de menor relevância, dentro das importações, categorizados como “outros produtos lácteos”, apresentou um aumento mensal proporcional maior, de +186% no último mês.
Do lado das exportações, alguns produtos bastante relevantes apresentaram avanços em seus volumes exportados, sendo eles o leite condensado e o leite UHT, que apresentaram altas mensais de 13% e 27%, respectivamente. Enquanto outras categorias, também relevantes, apresentaram alguns recuos, como o soro de leite (-47%) e o creme de leite (-33%).
Apesar da menor relevância, outras categorias também evoluíram em suas exportações no mês de agosto, como ocorreu com as manteigas, que apresentaram uma alta de 401%, e o leite em pó semidesnatado, com um aumento mensal de 195%.
As tabelas 1 e 2 mostram as principais movimentações do comércio internacional de lácteos nos meses de agosto e julho de 2024.
Tabela 1. Balança comercial de lácteos em agosto de 2024.
Tabela 2. Balança comercial de lácteos em julho de 2024.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.
O que podemos esperar para os próximos meses?
Apesar da alta nos preços praticados no último leilão GDT (o maior leilão internacional de lácteos) do mês de agosto, que influenciaram nas altas observadas nas cotações dos lácteos do Mercosul, alguns produtos importados como o leite em pó integral e a muçarela seguiram mais competitivos em preços em relação aos produtos nacionais, mantendo um dos principais aspectos que influenciam as importações brasileiras, que é justamente a competitividade dos preços.
No entanto, outros fatores passaram a chamar mais atenção no último mês, que foi o aumento das exportações argentinas e uruguaias para fora do Mercosul, como ocorreu com as exportações para a Argélia, que passaram a ser mais relevantes nos últimos meses. Dessa forma, foi colocada em dúvida a disponibilidade de lácteos do Mercosul para as importações brasileiras, que seria um importante limitante para tal. Até o momento, ainda não é possível afirmar que as exportações argentinas e uruguaias para outros países diminuirão as importações brasileiras, mesmo porque, apesar das oscilações mensais, será difícil as importações brasileiras retornarem para os patamares observados antes de 2022 (abaixo dos 100 milhões de litros em equivalente-leite).
Ou seja, apesar das dúvidas, as importações brasileiras no restante de 2024 devem manter um patamar próximo do observado no último mês, com as atenções voltadas para as estratégias e preferências comerciais dos nossos principais fornecedores internacionais.