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Importância da qualidade da água para bovinos de leite

NOVIDADES DOS PARCEIROS

EM 20/05/2024

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A água é um nutriente essencial e se equivale ao oxigênio em termos de importância ao organismo, além disso é o nutriente mais consumido pelas vacas e encontrado em maior proporção no corpo dos animais, em torno de 65% do corpo de um animal adulto e 80% do feto são compostos por água. Além disso, 87% do leite é composto por água (Duque et al., 2012; NASEM, 2021).

A água é um meio essencial para o transporte de nutrientes e excreção de resíduos do metabolismo, regulação da temperatura corporal, auxilia nos processos fisiológicos, atua como lubrificante nas articulações, formação de um ambiente fluido para o desenvolvimento do feto e para a produção de leite (Duque et al., 2012; NASEM, 2021). Todavia, recebe pouca atenção, na maioria das propriedades rurais, sendo a água disponível geralmente de má qualidade, escassa, e os bebedouros mal projetados com presença de sujidades. A falta de cuidado com a água prejudica o desempenho e a saúde dos animais (Duque et al., 2012).

Existem três fontes distintas pelos quais o animal obtém água: pela água de bebida, contida nos alimentos e pela água originada da oxidação metabólica (água metabólica). A água de bebida é a principal fonte de obtenção de água pelo organismo do animal, por isso precisa ser de qualidade e de fácil acesso (Duque et al., 2012; Da Silva, 2023).

A exigência de água pelos animais é influenciada por diversos fatores como raça, peso vivo, idade, estado fisiológico, potencial produtivo, consumo de matéria seca (MS), teor de proteína e de sais na dieta, temperatura ambiente, umidade relativa do ar, temperatura da água, tipos de bebedouros, sistemas de criação e pela qualidade da água (Oliveira et al., 2016; Golher et al., 2020).

A qualidade de água é o principal fator que afeta o consumo por parte dos animais, refletindo na produção de leite e na sanidade do rebanho (Giri et al., 2020; Golher et al., 2020). Por isso, a qualidade da água de bebida dos bovinos precisa ser igual a qualidade da água de bebida dos humanos.

Uma água de qualidade é fundamental para o bom funcionamento do rúmen, para propiciar o fluxo adequado de alimentos, digestão e absorção dos nutrientes, para garantir o volume sanguíneo normal e atender as necessidades dos tecidos (Da Silva et al., 2023).

Geralmente os sistemas de criação preconizam uma análise anual de água, mas há trabalhos que relatam a necessidade de avaliações periódicas, visto que existe uma variabilidade enorme dos componentes físico – químicos e microbiológicos da água (Retamal et al., 2023). Sendo assim, uma única análise de água não representa o verdadeiro cenário da qualidade de água nas propriedades. Dessa forma, a água requer um monitoramento constante dos parâmetros físicos, químicos e microbiológicos pelo menos uma vez a cada seis meses (Nóbrega Neto et al., 2016; Giri et al., 2020; Da Silva et al., 2023).

Alguns aspectos físicos – químicos da água de consumo humano e animal precisam ser avaliados, são eles: 

  • Sólidos Dissolvidos totais: definem a soma de todos os íons presentes na água, como carbonatos, bicarbonatos, cloro, flúor, sulfatos, fosfatos, nitratos, cálcio, magnésio, sódio e potássio (NASEM, 2021).  De forma geral, a presença de sólidos dissolvidos totais em excesso, acima de 500 mg/L, oferece riscos à saúde dos animais, pois reduz o consumo de água e alimentos. Acima de 1000 mg/L pode causar diarreias e redução na produção de leite (Beede, 2019; NASEM, 2021; Silveira & Trentin, 2023).
     
  • Dureza: relacionada principalmente a presença dos íons cálcio e magnésio na água, mas outros cátions também podem estar atrelados a dureza elevada (Golher et al., 2020). Antigamente, a dureza era considerada um fator de restrição de consumo, mas com o avanço dos estudos, observou-se que águas com dureza de até 290 mg/L não alteram a ingestão de água. Todavia, acima de 290 mg/L de dureza, há interferência no consumo de água dos bezerros (NASEM, 2021).
     
  • pH: não existem muitas informações acerca de uma faixa ideal de pH da água de ingestão de bovinos de leite, o NASEN (2021), recomenda faixas de pH da água entre 6,5 e 8,5. Entretanto, pHs elevados limitam a eficiência da cloração nas águas, por isso faixas de pH entre 6,5 e 7,0 são as mais recomendadas. A utilização de acidificantes na água de bebida dos bovinos, com objetivo de reduzir o pH, em conjunto com o cloro elevam a ingestão de água, alimento, bem-estar e desempenho dos bovinos (Llonch et al., 2023).
     
  • Sulfatos: se originam da dissolução de minerais contendo sulfatos nas rochas ou através da contaminação das águas com resíduos domésticos e industriais.  Altas concentrações desse íon (SO 4 2− ) podem afetar o consumo de água e de alimentos. De acordo com o NASEN (2021) níveis acima de 250 mg/L podem ser prejudiciais. O enxofre (S) presente nesse íon é reduzido a sulfeto no rúmen. O sulfeto, em grandes concentrações, se une a alguns mineiras, tornando-os indisponíveis ao animal. Dependendo da concentração de enxofre na dieta, as águas com concentrações altas de sulfato (1.000 a 1.500 mg de sulfato/L,) podem causar antagonismo do cobre e do selênio (NASEM, 2021).
     
  • Ferro: O excesso de ferro na água confere uma cor alaranjada e altera a palatablidade da água, restringindo consumo. Em animais adultos, raramente há deficiência de ferro, já que existe abundancia desse elemento nos alimentos. Devido a isso, a ingestão de águas com excesso de ferro pode antagonizar a absorção de cobalto, cobre, manganês, selênio e zinco no organismo dos animais e aumenta a concentração de espécies reativas ao oxigênio. O aumento das espécies reativas ao oxigênio no organismo desencadeia o estresse oxidativo, comprometendo a função imunológica, elevando os casos de mastites e metrites, aumentando a incidência de retenções das membranas fetais, elevando as diarreias, prejudicando o crescimento do animal e a produção de leite. Por isso, que, altos teores de ferro, acima de 0,3 mg/dL, são prejudiciais para a saúde humana e animal (Beede, 2019).
     
  • Manganês: Geralmente está associado com o ferro e em excesso altera o sabor da água e forma manchas pretas nas tubulações (Beede, 2019), acima de 0,05 mg/L já representa um risco (NASEM, 2021).
     
  • Nitratos e Nitritos: os nitratos e nitritos são oriundos da contaminação das águas através do escoamento de fertilizantes orgânicos e inorgânicos utilizados nas lavouras. No rúmen, os nitratos são convertidos em nitritos. Os nitritos, por sua vez, são absorvidos pelo sangue e no sangue convertem a hemoglobina em metemoglobina, o que dificulta o fornecimento de oxigênio aos tecidos (Wagner & Engle, 2021; Silveira & Trentin, 2023). A recomendação de nitratos na água é de até 10 mg/L e de nitritos até 1 mg/L (NASEM, 2021).

A contaminação microbiológica da água também é um fator relevante, pois representa o principal desafio em relação a qualidade da água, já que a água torna-se uma importante via de transmissão de patógenos (Padilha et al., 2013). Nesse sentido, os animais possuem mecanismos comportamentais e fisiológicos para evitar a ingestão de alimentos tóxicos, contaminados ou estragados. Por isso, os ruminantes evitam a ingestão de água contaminada (Willms et al., 2002; Munger, 2016).

As bactérias do grupo dos coliformes totais são as comumente avaliadas para indicar contaminação ambiental e fecal das águas (Llonch et al., 2023) e compor a qualidade microbiológica da água. Águas que apresentam desafios em relação a qualidade microbiológica necessitam de tratamento (Otenio et al., 2010). A cloração é o processo mais eficiente para causar a morte dos microrganismos patogênicos e evitar novos crescimentos microbianos, reduzindo a carga microbiana da água.

No momento em que o cloro é adicionado na água ocorre a formação de ácido hipocloroso e íon hipoclorito. O ácido hipocloroso é mais reativo e com maior poder de desinfecção, sua formação ocorre em maior proporção em pH abaixo de 7,0. Dessa forma, a acidificação da água é indicada em alguns casos para reduzir o pH da água e otimizar a ação do cloro. A ingestão de água clorada não prejudica o desempenho ruminal. Quando os animais ingerem água de qualidade, limpa, palatável ocorre o aumento do consumo de água por parte dos animais, consequentemente há aumento na ingestão de alimentos, melhorando o desempenho e reduzindo a incidência de doenças (Llonch et al., 2023). A qualidade de água é uma questão de bisseguridade nas propriedades rurais tanto para a produção animal quanto para a qualidade do leite (Pegoraro, 2019).
 

Autores 

Ana Luísa da Costa: Médica Veterinária formada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pós-graduanda em Nutrição de Bovinos Leiteiros pela Rehagro. Consultora Técnica em bovinos de leite na American Nutrients do Brasil Indústria e Comércio Ltda. E-mail: mvanaluisadacosta@gmail.com

Michele Fangmeier: Graduada em Química Industrial e mestre em Biotecnologia na Produção Industrial de Alimentos pela Universidade do Vale do Taquari - UNIVATES. Responsável Técnica e Coordenadora de Pesquisa e desenvolvimento na American Nutrients do Brasil Indústria e Comércio LTDA. E-mail: cq@americannutrients.com.br

Daiane Carvalho: Médica Veterinária formada pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Doutora em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal do Rio Grande do SUL (UFRGS). Responsável Técnica e Coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento na American Nutrients do Brasil Indústria e Comércio Ltda. E-mail: ped@americannutrients.com.br

Luana Specht: Graduada em Biologia pela Universidade do Vale do Taquari - UNIVATES, mestre em biotecnologia - UNIVATES. Coordenadora de Pesquisa Aplicada na American Nutrients do Brasil Indústria e Comércio Ltda. E-mail: pesquisa@americannutrients.com.br

Luiza Marchiori Severo: Estudante do Curso de Farmácia na Universidade do Vale do Taquari – Univates. Assistente de Pesquisa e Desenvolvimento na American Nutrients do Brasil Indústria e Comércio Ltda. E-mail: regulatorio@americannutrients.com.br

Vitória Fernanda Bayer: Estuante do Curso de Farmácia na Universidade do Vale do Taquari – Univates. Assistente de Pesquisa e Desenvolvimento da American Nutrients do Brasil Indústria e Comércio Ltda. E-mail: laboratorio@americannutrients.com.br
 

 

Referências Bibliográficas

BEEDE, D. K. Evaluation of Water Quality and Nutrition for Dairy Cattle. 2019. Disponível em: https://dairy-cattle.extension.org/evaluation-of-water-quality-and-nutrition-for-dairy-cattle/. Acesso em: 03 abr. 2024.

DA SILVA, E. I. C. A água na nutrição animal. 1 ed. Recife: Instituto Agronômico de Pernambuco, 2023.

DUQUE, A. C. A. et al. Água, o nutriente essencial para vacas em lactação. Vet. Not, Vet. Not., Uberlândia, v.18, n. 1, p. 6-12, jan./jun. 2012. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/282252764_AGUA_O_NUTRIENTE_ESSENCIAL_PARA_VACAS_EM_LACTACAO. Acessado em: 04 abr. 2024.

GIRI, A. et al. A review on water quality and dairy cattle health: a special emphasis on high-altitude region. Appl Water Sci, v. 10, n. 79, 2020. https://doi.org/10.1007/s13201-020-1160-0

GOLHER, D. M. et al. Factors influencing water intake in dairy cows: a review. International Journal Of Biometeorology, [S.L.], v. 65, n. 4, p. 617-625, 3 nov. 2020. Springer Science and Business Media LLC. https://dx.doi.org/10.1007/s00484-020-02038-0.

GUERRA, M. et al. Availability and quality of water in milk production. Acta Veterinaria Brasilica, v. 5, n. 3, p. 230-235, 2011. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/277128662_Availability_and_quality_of_water_in_milk_production. Acessado em: 05 abr. 2024.

LLONCH, L. et al. Drinking water chlorination in dairy beef fattening bulls: water quality, potential hazards, apparent total tract digestibility, and growth performance. Animal, [S.L.], v. 17, n. 1, p. 100685, jan. 2023. https://dx.doi.org/10.1016/j.animal.2022.100685.

MUNGER, S. D. Chapter 16 - The mechanisms of salty and sour taste. In: Zuffal, F. & Munger, S. D. Chemosensory transduction: The detection of odors, tastes, and other chemostimuli. London, UK: Elsevier, Academic Press, 2016, pp. 287–297. doi: 10.1016/C2014-0-00871-4.

NATIONAL ACADEMIES OF SCIENCES, ENGINEERING, AND MEDICINE; DIVISION ON EARTH AND LIFE STUDIES; BOARD ON AGRICULTURE AND NATURAL RESOURCES; COMMITTEE ON NUTRIENT REQUIREMENTS OF DAIRY CATTLE (NASEM). Nutrient Requirements of Dairy Cattle: Eighth Revised Edition. Washington (DC): National Academies Press (US); 2021 Aug 30. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK600603/ doi: 10.17226/25806.

NÓBREGA NETO, S. B. et al. Qualidade de água de dessedentação de bovinos da fazenda-escola do IFRN-Ipanguaçu. Holos, [S.L.], v. 3, p. 52-61, 23 jun. 2016. https://dx.doi.org/10.15628/holos.2016.4150.

OLIVEIRA, J. P. C. A. et al. Considerações sobre o consumo de água por bovinos. Nutri-time, v. 13, n. 01, p. 4524-4528, jan/fev. 2016. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/39818/2/Artigo-357%40%40%40%40%40.pdf. Acessado em: 03/04/2024.

OTENIO, M. H. et al. Comunicado Técnico 60: Cloração de água para propriedades rurais. EMBRAPA: Juiz de Fora, 2010.

PADILHA, A. C. M. et al. Análise do uso de água tratada na produção de suínos. v. 34, n. 1, p. 50-60, 2013.

RETAMAL, F. et al. Diferentes perfis de qualidade de água em uma mesma propriedade. In: XX Congresso Nacional ABRAVES, 2023, Porto Alegre. Anais [...] Porto Alegre: editora, 2023. p. 321 – 323.BEEDE, David K. Evaluation of Water Quality and Nutrition for Dairy Cattle. 2019. Disponível em: https://dairy-cattle.extension.org/evaluation-of-water-quality-and-nutrition-for-dairy-cattle/. Acesso em: 03 abr. 2024.

SILVEIRA, M. C. T. da; TRENTIN, G. Manejo da água na pecuária: aplicação de conceitos, princípios e práticas para racionalizar seu uso. EMBRAPA, 2023.

WAGNER, J.; ENGLE, T. Invited Review: water consumption, and drinking behavior of beef cattle, and effects of water quality. Applied Animal Science, [S.L.], v. 37, n. 4, p. 418-435, ago. 2021. American Registry of Professional Animal Scientists. https://dx.doi.org/10.15232/aas.2021-02136.

WILLMS, W. D.  et al. Effects of water quality on cattle performance. Journal of Range Management 55, 2002, p. 452–460. https://doi.org/10.2307/4003222.

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