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Leite: fato ou fake?

VÁRIOS AUTORES

THERMA/UFV

EM 29/07/2024

6 MIN DE LEITURA

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O leite é reconhecido como um alimento fundamental devido a sua composição rica em macro e micronutrientes essenciais na dieta humana. Porém, nos últimos anos, o debate em torno da qualidade, segurança e consumo do leite tem sido marcado por uma série de teorias, mitos e especulações que carecem de fundamentação científica comprovada. Portanto, neste artigo, vamos desmistificar 10 concepções populares sobre o leite com base em estudos científicos.

1) Consumir leite cru é mais saudável do que o leite pasteurizado ou UHT.

FAKE. Consumir leite cru é frequentemente considerado uma opção mais saudável em comparação com o leite pasteurizado ou UHT. No entanto, essa crença é equivocada. A pasteurização e o processo UHT são métodos físicos projetados especificamente para reduzir a carga microbiana no leite cru, especialmente microrganismos patogênicos. Esses processos envolvem o aquecimento do leite usando-se combinações específicas de temperatura e tempo, sem comprometer significativamente os nutrientes essenciais. Portanto, ao contrário do que pensam alguns, o consumo de leite cru pode representar sérios riscos à saúde, uma vez que pode conter agentes patogênicos como Salmonella sp., Escherichia coli, Listeria monocytogenes, Campylobacter jejuni, Yersinia enterocolitica e Staphylococcus aureus. A presença desses microrganismos está frequentemente associada à saúde do animal, condições ambientais e práticas inadequadas na manipulação agropecuária.

2) É necessário ferver leite pasteurizado e leite UHT antes de consumi-lo.

FAKE. Um dos mitos frequentemente propagados é a necessidade de ferver leite pasteurizado e leite UHT antes de consumi-lo. Contrariamente a essa falsa crença, o leite pasteurizado e o UHT passam por rigorosos processos de tratamento térmico que visam reduzir significativamente a carga microbiana, tanto dos microrganismos deteriorantes quanto dos patogênicos. Portanto, não há necessidade de ferver o leite após esses processos, pois eles já foram devidamente tratados para garantir sua segurança e qualidade microbiológica.

3) Leite UHT com quadrados coloridos na embalagem não devem ser consumidos.

FAKE. Um equívoco comum envolvendo o leite UHT é a crença de que embalagens com quadrados coloridos indicam um produto reprocessado e que não deve ser consumido. Na realidade, esses quadrados coloridos não têm relação com a qualidade ou segurança do leite. Eles são simplesmente testes de cores utilizados para assegurar a qualidade da impressão nas embalagens. Portanto, consumidores podem ficar tranquilos ao optar pelo leite UHT com esses elementos visuais em sua embalagem, pois eles não afetam a integridade do produto ou seu processo de fabricação.

4) Leite UHT possui conservantes e substâncias tóxicas.

FAKE. Há um equívoco difundido de que o leite UHT contém conservantes e substâncias tóxicas, porém, esta afirmação não corresponde à realidade. Em alguns rótulos de leites UHT, é possível encontrar ingredientes como trifosfato de sódio, difosfato de sódio, monofosfato de sódio e citrato de sódio. Estes são aditivos alimentares permitidos por regulamentação, utilizados como estabilizantes para garantir a integridade do produto durante o processamento. É importante ressaltar que a legislação brasileira rigorosamente proíbe a adição de conservantes ou substâncias tóxicas no leite UHT. Assim, o leite UHT é um alimento seguro.

5) Leite desnatado é adicionado de água.

FAKE. O leite desnatado é simplesmente o leite do qual foi removida a maior parte de sua gordura, resultando em um teor máximo de 0,5% de matéria gorda. A gordura no leite contribui para sua viscosidade e coloração; portanto, ao ser desnatado, o leite apresenta uma aparência menos “cremosa” em comparação ao leite integral e uma cor branco-azulada.

6) Leite é inflamatório.

FAKE. Existe uma crença difundida de que o leite é inflamatório. No entanto, até o momento, não há evidências científicas que comprovem essa afirmação. É importante destacar que algumas pessoas podem ter alergia à proteína do leite de vaca (APLV), ou ainda serem intolerantes à lactose, cujos sintomas podem levar a quadros inflamatórios específicos. Estudos recentes demonstram que o consumo de leite por pessoas que não possuem alergia ou intolerância, especialmente como parte de uma dieta balanceada, não está associado a inflamação no organismo.

7) O consumo de leite é importante para a saúde óssea.

FATO. O consumo de leite desempenha um papel fundamental na saúde óssea, conforme recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Para adultos entre 19 e 50 anos, é recomendado o consumo diário de 1000 mg de cálcio, uma necessidade que pode ser atendida com eficácia pelo leite. Um copo de leite de 240 mL contém aproximadamente 300 mg de cálcio, fornecendo uma contribuição significativa para essa ingestão diária recomendada. Além disso, o cálcio presente no leite possui uma biodisponibilidade superior em comparação com outras fontes, o que significa que é mais facilmente absorvido pelo organismo humano.

8) Leite vegetal não é leite de verdade.

FATO. De acordo com a definição legal, o termo "leite" refere-se exclusivamente ao produto oriundo da ordenha completa e ininterrupta de vacas saudáveis, bem alimentadas e descansadas. O leite de outros animais deve denominar-se segundo a espécie de que proceda. Por outro lado, o que encontramos rotulado como "leite vegetal" nas prateleiras dos mercados são, na verdade, extratos hidrossolúveis de fontes vegetais. Esses produtos, conhecidos como leites vegetais (ex. “leite” de soja, “leite” de amêndoas), apresentam composições nutricionais distintas e, consequentemente, diferentes biodisponibilidades de micro e macronutrientes em comparação ao leite.

9) Alergia ao leite é diferente de intolerância à lactose.

FATO. A alergia ao leite, também conhecida como alergia à proteína do leite de vaca (APLV), é uma resposta de hipersensibilidade do sistema imunológico às proteínas do leite, sendo a beta-lactoglobulina uma das mais alergênicas. Essa condição pode se manifestar em qualquer idade e seus sintomas incluem reações na pele como inchaço, urticária, erupção cutânea, vermelhidão, coceira e, em casos mais graves, problemas respiratórios. Por outro lado, a intolerância à lactose ocorre devido à deficiência ou ausência da enzima lactase no organismo, responsável pela digestão do carboidrato lactose presente no leite. Os sintomas dessa condição estão predominantemente associados a problemas gastrointestinais, como dor abdominal, distensão abdominal, gases, vômitos e diarréia, que ocorrem após a ingestão de produtos lácteos.

10)  Leite sem lactose é mais saudável.

FAKE. Existe uma ideia equivocada de que o leite sem lactose é mais saudável do que o leite convencional. Nutricionalmente, ambos os tipos de leite são praticamente idênticos, diferenciando-se apenas pela presença ou ausência de lactose. O leite sem lactose é  produzido pela adição da enzima lactase, que quebra a lactose em seus açúcares constituintes, glicose e galactose, facilitando a digestão para pessoas com intolerância à lactose. A criação do leite sem lactose foi impulsionada pela necessidade de atender à demanda de consumidores que apresentam dificuldades na digestão da lactose. Portanto, a escolha entre leite convencional e sem lactose deve ser feita com base nas necessidades individuais de cada pessoa, considerando a tolerância à lactose e preferências pessoais, sem que haja uma distinção significativa em termos de benefícios para a saúde.

 

AUTORAS

Letícia Bruni de Souza, Mestranda do Laboratório de Termodinâmica Molecular Aplicada (THERMA-UFV).

Dra. Eliara Acipreste Hudson, Pesquisadora do Laboratório de Termodinâmica Molecular Aplicada (THERMA-UFV).

Profa. Dra. Ana Clarissa dos Santos Pires, Professora do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFV e Coordenadora do Laboratório de Termodinâmica Molecular Aplicada (THERMA-UFV).

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. Portaria N° 540, de 27 de Outubro de 1997. Aprova o Regulamento Técnico: Aditivos Alimentares - Definições, Classificação e Emprego. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 28 de Outubro de 1997.

Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA). Portaria N° 370, de 4 de Setembro de 1997. Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Leite UHT (UAT). Seção 1, p.52, Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 8 de setembro de 1997.

Lajnaf, R. et al. Cow's milk alternatives for children with cow's milk protein allergy - Review of health benefits and risks of allergic reaction. International Dairy Journal, v. 141, june 2023. https://doi.org/10.1016/j.idairyj.2023.105624

Sharp, E. et al. Effects of lactose-free and low-lactose dairy on symptoms of gastrointestinal health: A systematic review. International Dairy Journal, v. 114, march 2021. https://doi.org/10.1016/j.idairyj.2020.104936 

LETÍCIA BRUNI DE SOUZA

Mestranda do Laboratório de Termodinâmica Molecular Aplicada (THERMA-UFV).

ELIARA ACIPRESTE HUDSON

Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFV, pós-doutoranda do Laboratório de Termodinâmica Molecular Aplicada (THERMA-UFV)

ANA CLARISSA DOS SANTOS PIRES

Profa. Dra. Ana Clarissa dos Santos Pires, Professora do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFV e coordenadora do Laboratório de Termodinâmica Molecular Aplicada (THERMA-UFV)

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THEREZA FONSECA QUIRICO DOS SANTOS

MUTUM - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/07/2024

Ótimo. Texto didático

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