ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

No outono é sempre igual...o leite parece azedo, mas está normal

RAFAEL FAGNANI

EM 05/06/2024

5 MIN DE LEITURA

1
13

O vazio forrageiro, ou também chamado de vazio outonal, é uma situação de transição alimentar e que pode desequilibrar a alimentação de vacas leiteiras. É nessa época em que as coagulações misteriosas no teste do alizarol ocorrem com maior frequência, gerando prejuízos para toda a cadeia do leite. Esse fenômeno é chamado de Leite Instável Não Ácido (LINA).  Se você quer saber mais como a alimentação está relacionada a esse problema, preparei 6 perguntas e respostas que vão direto ao ponto e esclarecem os principais aspectos técnicos, causas e dicas para mitigar seus efeitos.

1. O que é o Leite Instável Não Ácido (LINA)?

É o leite que parece estar ácido, mas não está. Tecnicamente, é o leite sem acidez microbiológica e ao mesmo tempo instável no teste do alizarol.  Essa situação foi primeiramente descrita na década de trinta, na Holanda, e ficou conhecida mundialmente como “a anormalidade do leite de Utrecht”. Atualmente o fenômeno ainda ocorre, sendo notável nos países que utilizam o teste do alizarol na triagem do leite cru, como o Brasil.

O leite LINA é caracterizado principalmente por ter excesso de íons cálcio, o que acaba resultando na sua coagulação na prova do alizarol. Suas causas são múltiplas, sendo que a maioria das conclusões convergem que o principal motivo é o desequilíbrio ácido básico do animal.

2. Como o vazio outonal impacta a ocorrência de Leite Instável Não Ácido?

Nesse período, a escassez de pasto é um fator importante para a ocorrência do LINA. Isso porque aumentam-se as chances dos desbalanços energéticos e/ou minerais na alimentação de vacas leiteiras. Quando temos deficiências nesses quesitos alimentares, os transtornos metabólicos podem aparecer nos animais, como por exemplo as acidoses, e então refletir em desequilíbrio mineral no leite produzido, resultando no fenômeno do LINA. Assim, o balanço entre cátions e ânions na dieta das vacas leiteiras é fundamental, e deve ser controlado para diminuir a ocorrência do LINA.

A falta de energia na dieta também pode aumentar as chances de LINA. Nessa situação falta glicose no sangue do animal, e sem glicose não há lactose no leite. Sem lactose, o leite apresentará um desequilíbrio salino, como exemplo um excesso de cátions, precipitando com mais facilidade no teste do alizarol.

O estresse também é um fator que desencadeia a ocorrência do LINA, principalmente o estresse devido à privação alimentar. Dessa forma, comportamentos relacionados à fome, frustração e desconforto são indicadores de vacas mais propensas a produzir LINA. Essa situação de restrição alimentar não é incomum, ocorrendo principalmente no vazio outonal.

3. Quais as consequências do LINA para o produtor de leite?

O alizarol é o primeiro teste de qualidade realizado na coleta do leite cru. Assim, ao se deparar com um caso de instabilidade no tanque resfriador, o coletador irá rejeitá-lo antes da coleta, e o produtor ficará no prejuízo.

Na outra ponta, a indústria também tem incertezas sobre a estabilidade térmica do LINA. Essa situação é bastante comum, uma vez que a sua frequência média é de 40%, ou seja, em uma linha de 100 produtores, 40 podem ter o leite rejeitado.

A ocorrência do LINA costuma variar ao longo das estações. Nos estados do sul e sudeste do brasil, a maior ocorrência acontece no vazio outonal, o que está relacionado a menor oferta alimentar.

4. Além do vazio outonal, existem outros fatores que impactam a produção de LINA?

Basicamente os fatores que causam desequilíbrios minerais e salinos no leite podem impactar a ocorrência do LINA. Por isso os principais fatores estão relacionados à alimentação animal.  O primeiro deles é o fornecimento de dietas aniônicas no pré-parto. Isso é feito adicionando sulfatos ou cloretos de amônio, cálcio ou magnésio para prevenir a febre do leite. Quando essa prática é feita em excesso (ou seja, uma diferença de cátions e ânions acima de 20meq) aumenta-se a probabilidade de LINA.

Outro ponto de cuidado na alimentação é a qualidade do sal mineral. Não podemos economizar nesse componente nutricional, pois ele está diretamente relacionado a estabilidade alcoólica do leite.

Por isso, o papel do nutricionista é essencial para prevenir e corrigir problemas de estabilidade alcoólica nos animais.

Sempre reforçando que leites recém ordenhados sempre serão instáveis ao alizarol. Isso devido à alta concentração de gás carbônico. Portanto, é muito importante deixar o excesso de gás sair do leite antes de fazer o teste do alizarol. Chacoalhar o latão, refrigerar o leite ou aguardar alguns minutos após a ordenha já são suficientes para retirar o gás.

Mesmo recebendo um manejo alimentar adequado, alguns animais ainda produzem o leite com excesso de cálcio iônico ou desequilíbrios salinos. Esse fenômeno pode estar relacionado a uma inabilidade do próprio animal em regular o balanço entre os componentes com cargas negativas e positivas do leite.

Condições zootécnicas estressantes também aumentarão as chances de LINA, como lutas por espaços entre animais, cios, comportamentos agressivo, etc.

5. Quais medidas o produtor deve tomar para evitar a ocorrência de LINA nos animais?

Para a prevenção é imperativo que haja equilíbrio mineral e energético na alimentação das vacas leiteiras durante todo o ano. Portanto, a contratação de profissionais especializados em alimentação animal, e o planejamento nutricional sazonal são muito importantes.

E para a correção do problema? Apesar dos fatores causadores serem muitos, duas regras gerais podem ser aplicadas para resolver o problema rapidamente:

1. Caso a instabilidade seja detectada em todo o rebanho, podemos tentar resolver o problema trocando a marca do sal mineral;

2. Caso a instabilidade seja persistente em vacas no pós-parto (depois do período de produção de colostro) o problema pode ser resolvido administrando MEMBUTONA na dose de 5g ao dia durante três ou quatro dias.        

6. De forma geral, quais são as vantagens para o produtor em ter materiais que minimizem o vazio outonal dentro da propriedade pecuária?

A vantagem é exatamente prevenir a rejeição do leite no momento da coleta, evitando prejuízos por casos classificados erroneamente como acidez.

Outra vantagem que as medidas que minimizam o vazio outonal trazem é a manutenção do teor de sólidos do leite produzido. Essa uniformidade sazonal nos teores de proteínas, gorduras e lactose impacta diretamente o bolso do produtor, uma vez que a maioria das indústrias laticinista possuem programas de pagamento de qualidade que valorizam esses componentes.

Portanto, fica claro que compreender o impacto do vazio forrageiro na qualidade do leite é essencial para manter a eficiência e a produtividade na pecuária, garantindo assim que a qualidade do leite seja inquestionável!

 

Gostou do conteúdo? Deixe seu like e seu comentário, isso nos ajuda a saber que conteúdos são mais interessantes para você.

RAFAEL FAGNANI

Consultor, professor e pesquisador em produtos de origem animal. Atua na UEL e na UNOPAR nos cursos de med. veterinária e em programas de residência e mestrado.

1

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

RAIMUNDO ALOÍSIO DE OLIVEIRA MACIEL

PIRANGA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/06/2024

Foi muito útil

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures