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Mastite clínica causada por Gram-negativos: tratar ou não tratar?

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 05/08/2024

5 MIN DE LEITURA

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Com o surgimento dos sistemas de cultura na fazenda, os protocolos de tratamento seletivo de mastite clínica tornaram-se mais acessíveis nas fazendas leiteiras. Isso possibilitou grande avanço na tomada de decisões de tratamento de mastite clínica, uma vez que cerca de 95% dos casos clínicos são leves e moderados e somente 5% são graves (com necessidade imediata de tratamento com antibiótico).

Para os casos leves e moderados, é possível coletar uma amostra do quarto afetado e, em 24 horas, obter os resultados da cultura na fazenda. Na maioria das fazendas, em média 40% dos casos leves e moderados não tem isolamento de agente causador e, portanto, não há qualquer benefício do tratamento com antibióticos pois há alta taxa de cura espontânea. Isso significa uma oportunidade de reduzir o uso desnecessário de antibióticos e os custos da mastite na fazenda.

Em relação aos casos de mastite clínica causados por bactérias Gram-negativas, a recomendação geral também é de não tratamento com antibiótico e aguardar a cura espontânea por alguns dias. Por outro lado, vacas com mastite clínica causada por bactérias Gram-positivas (principalmente os gêneros Staphylococcus e Streptococcus) têm recomendação de tratamento com antibiótico intramamário, pois geralmente a cura espontânea destes agentes é muito baixa.

Vale destacar que os sistemas mais simples de cultura na fazenda somente identificam as bactérias causadoras em três grupos: negativo (sem isolamento bacteriano), Gram-negativo e Gram-positivo. Nestes casos, não é possível identificar o gênero ou espécie bacteriana e, assim, a tomada de decisão de tratar ou não com antibióticos é baseada no grupo. Por outro lado, sistemas mais modernos, nos quais é possível identificar o gênero ou espécie dentro dos grupos de Gram-positivos (Streptococcus uberis, Streptococcus agalactiae/dysgalactiae, Staphylococcus aureus) e Gram-negativos (Escherichia coli, Klebsiella spp.) têm a vantagem de permitir maior flexibilidade nos protocolos de tratamentos, uma vez que dentro do grupo das bactérias Gram-negativas, há estudos que indicam benefício do tratamento com antibióticos de casos de Klebsiella, mas que não há benefício do tratamento de casos de mastite causados por Escherichia coli. Entretanto, ainda há dúvidas sobre os benefícios de tratar de forma distinta os casos de mastite clínica leves em relação aos casos moderados que são causados por bactérias Gram-negativas

Um estudo recente comparou o tratamento de casos de mastite clínica leve e moderada causadas por bactérias Gram-negativas com antibiótico intramamário a base de ceftiofur (2 dias ou 5 dias) em relação ao não tratamento com antibióticos (grupo controle não tradado). O estudo foi desenvolvido em 3 fazendas, nas quais foram selecionados 423 casos leves e moderados com isolamento de bactérias Gram-negativas. As vacas foram avaliadas durante um período de 28 dias após o tratamento para avaliação da cura clínica e bacteriológica, dias para cura clínica e novas infecções, descarte e morte.

A cura bacteriológica foi influenciada pelo tratamento com antibiótico e pelo número de lactações, sendo maior para as vacas tratadas com antibiótico do que as não tratadas. No entanto, essa diferença ocorreu somente nas vacas com mastite moderada, enquanto em vacas com mastite leve não houve diferença entre vacas tratadas ou não com antibiótico (Figura 1).

Figura 1. Cura bacteriológica de casos de mastite clínica leve e moderada (barras com letras diferentes têm diferença estatística significante).

Cura bacteriológica de casos de mastite clínica leve e moderada (barras com letras diferentes têm diferença estatística significante).

Os principais resultados do estudo estão descritos na Tabela 1. A cura clínica variou de acordo com o dia da avaliação, sendo que no dia 2 e 14 as vacas tratadas tiveram maior cura clínica, mas nos dias 21 e 28 não houve diferença entre os tratamentos e entre os tipos de mastite leve e moderada. O número de dias para cura clínica foi similar entre as vacas sem tratamento com antibiótico e as vacas tratadas com 2 dias de antibiótico, mas foi maior para as vacas com tratamento com 5 dias.

Tabela 1. Efeitos de tratamento com antibióticos (2d e 5d) e do tipo de escore de gravidade dos casos clínicos (leve vs moderado) sobre cura clínica e bacteriológica.

Efeitos de tratamento com antibióticos (2d e 5d) e do tipo de escore de gravidade dos casos clínicos (leve vs moderado) sobre cura clínica e bacteriológicaa,bComparação entre os tratamentos das vacas com mastite leve; x,yComparação entre os tratamentos das vacas com mastite moderada, *P<0,001, Trat.: tratamento, escore: escore de gravidade (leve vs moderado), NL: número de lactações. Fonte: adaptado de Bruno et al, 2024.

Os resultados de recorrência de mastite, novas infecções e risco de morte não apresentaram interação entre o efeito do tratamento e o tipo de gravidade (Tabela 2). Sendo assim, esses resultados foram apresentados somente por tipo de tratamento. Por exemplo, a proporção de recorrência de mastite foi maior nas vacas controle do que nas tratadas com antibiótico, mas não houve efeito sobre as novas infecções. Da mesma forma, houve maior risco de descarte e morte nas vacas controle (durante 90 dias de avaliação pós-tratamento) do que nas vacas tratadas.

Tabela 2. Efeitos de tratamento com antibióticos (2d e 5d) sobre recorrência de mastite clínica (MC), novas infecções e descarte/morte.

Efeitos de tratamento com antibióticos (2d e 5d) sobre recorrência de mastite clínica (MC), novas infecções e descarte/morte.a,bComparação entre os tratamentos das vacas com mastite leve; *P<0,001, Trat: tratamento, escore: escore de gravidade (leve vs moderado), NL: número de lactações. Fonte: adaptado de Bruno et al, 2024.

Embora estudos anteriores tenham avaliado que não há benefício de tratamento dos casos leves e moderados de mastite clínica causados por bactérias Gram-negativas, esse novo estudo indicou que há benefício, que varia de acordo com o tipo de resposta, especialmente para casos moderados. Além disso, os resultados reforçam a importância do treinamento no adequado diagnóstico dos casos clínicos e do tipo de escore de gravidade da mastite, assim como o uso de um eficiente sistema de cultura na fazenda que permita diferenciar o tipo de bactéria Gram-negativa (Escherichia coli, Klebsiella spp.).

 

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Fonte: Bruno, et al., J Dairy Sci, 2024 (artigo completo disponível em https://doi.org/10.3168/jds.2023-23684)

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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ROBERTO CARLOS VALICHESKI

SÃO FRANCISCO DO SUL - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 06/08/2024

E identificar quais vacas estão nesses 5% somente com precisão e informação. Parabéns pela pesquisa!
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 06/08/2024

Obrigado, Roberto

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