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Impacto das mudanças climáticas na produção leiteira

LIPA/UFV

EM 10/06/2024

5 MIN DE LEITURA

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A observação das mudanças climáticas tornou-se parte do nosso cotidiano, refletida em conversas sobre variações do clima e percepções coletivas de temperatura. Desde 2007, dados compilados pelo IPCC têm evidenciado o que as pessoas já percebem: o aumento das concentrações de gases como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso na atmosfera tem contribuído com o aquecimento global, a elevação do nível do mar e a intensificação dos padrões de precipitação em diversas regiões (IPCC, 2007).

Essa realidade tem impulsionado o incremento de desastres naturais, decorrentes do agravamento de fenômenos climáticos, impactando áreas habitadas e colocando em risco comunidades e cidades. Ademais, tais eventos catastróficos têm repercussões diretas sobre as atividades econômicas e sociais das regiões afetadas. No contexto das mudanças climáticas, a produção leiteira emerge como uma das atividades mais vulneráveis, podendo sofrer impactos tanto diretos quanto indiretos dessas mudanças. Os desafios enfrentados pela produção leiteira incluem a alteração nos padrões de temperatura e precipitação, a maior frequência de eventos climáticos extremos e a consequente adaptação necessária para mitigar os efeitos adversos sobre a saúde animal, a disponibilidade de água e a qualidade das pastagens.

Dessa forma, alterações nos padrões de chuva e temperatura podem afetar tanto a qualidade quanto a quantidade de alimento disponível para os animais, além de comprometer a disponibilidade de água, provocando estresse ao rebanho e, consequentemente, diminuindo sua produtividade. Em eventos mais graves, como os ocorridos no Estado do Rio Grande do Sul, podemos enfrentar a perda de infraestrutura, devido aos danos causados a estábulos e equipamentos, além da possível perda de animais. Além disso, esses eventos podem gerar insegurança nas estruturas existentes e nas estradas essenciais para a logística de mercadorias.

Nesse quesito, podem surgir desafios quanto ao aumento do custo de produção, e impacto na qualidade do leite, como também desafios relacionados aos preços dos grãos utilizados para alimentação animal, alterações quanto à distribuição de pragas e seguridade do rebanho. Além disso, sob condições de estresse, em especial, térmico, temos alterações metabólicas e comportamentais que afetarão o consumo alimentar, gestação e lactação dos animais (GUNN, 2019).

Soluções inovadoras vem sendo propostas para criação de bovinos em cenários de mudança climática. Oliveira et al. (2022) sugerem a criação de bovinos em zoneamentos bioclimáticos, utilizando métodos de geoespacialização para garantir maior conforto térmico aos animais, especialmente em áreas com temperaturas extremas durante os períodos de seca.

Em relação a qualidade da matéria-prima, estudos como os de Callahan (2016) e Holvoet (2014) indicam que eventos climáticos extremos, como inundações, podem aumentar a prevalência de grupos microbianos como Escherichia coli e Salmonella spp., devido ao carreamento de contaminantes do solo para o ambiente, equipamentos, utensílios e tubulações. Essas alterações impactam tanto o leite cru quanto a qualidade de seus derivados (ZUCALI, 2011). Assim, é crucial que a indústria e os órgãos fiscalizadores desenvolvam estratégias e procedimentos que garantam a qualidade do produto final. Neste sentido, para mitigar esses riscos e proteger a saúde pública, é fundamental a implementação de um modelo de Avaliação Quantitativa de Risco Microbiano (QMRA) (NJAGE, 2018) com o devido suporte aos produtores, especialmente, os de médio e pequeno porte.

Diante do cenário descrito, torna-se evidente a urgência de enfrentarmos os desafios impostos pelas mudanças climáticas e desastres naturais, especialmente no contexto da produção leiteira. A perda de vidas humanas, a destruição de infraestruturas e o impacto econômico desses eventos são motivos de profunda preocupação e tristeza. Assim, somente com a solidariedade e a cooperação entre comunidades, governos e setores industriais, os desafios podem ser enfrentados e superados.

Ao investir em tecnologias e práticas sustentáveis, é possível minimizar os efeitos negativos sobre a produtividade e a segurança alimentar. A pesquisa contínua e a inovação no setor agrícola e pecuário são cruciais para enfrentar os novos desafios impostos pelo clima em mudança.

Portanto, com a união dos esforços e o compartilhamento de recursos e conhecimentos será possível construir um futuro mais resiliente e sustentável para a produção leiteira e, consequentemente, para as comunidades que dependem dela. Juntos, é possível superar os desafios das mudanças climáticas e garantir um ambiente seguro e próspero para as gerações futuras.

 

Autores

Gabriela Aparecida Nalon (Graduanda em Engenharia de Alimentos e membro do Laboratório de Inovação no Processamento de Alimentos- LIPA/DTA/UFV)

Fernanda Fonseca Barbosa (Graduanda em Engenharia de Alimentos e membro do Laboratório de Inovação no Processamento de Alimentos- LIPA/DTA/UFV)

Profa. Dra. Érica Nascif Rufino Vieira (Professora do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFV e coordenadora do Laboratório de Inovação no Processamento de Alimentos- LIPA/DTA/UFV)

Prof. Dr. Bruno Ricardo de Castro Leite Júnior (Professor do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFV e coordenador do Laboratório de Inovação no Processamento de Alimentos- LIPA/DTA/UFV

 

Agradecimentos:

Os autores agradecem a CAPES - Código Financiamento 001; à Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo financiamento do projeto APQ-00388-21 e APQ-00785-23; ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo financiamento do projeto (429033/2018-4) e pela bolsa de produtividade à B.R.C. Leite Júnior (n°306514/2020-6).

 

Referências bibliográficas

CALLAHAN, M. T. et al. Metrics proposed to prevent the harvest of leafy green crops exposed to floodwater contaminated with Escherichia coli. Applied and environmental microbiology, v. 82, n. 13, p. 3746-3753, 2016.

DE OLIVEIRA, Z. B. Zoneamento bioclimático do RS para a criação de bovinos em cenários de mudança climática: Bioclimate zioning in RS for cattle breeding in climate change scenarios. Brazilian Journal of Development, v. 8, n. 11, p. 76410-76427, 2022.

GUNN, K. M. et al. Projected heat stress challenges and abatement opportunities for US milk production. PloS one, v. 14, n. 3, p. e0214665, 2019.

HOLVOET, K. et al. Relationships among hygiene indicators and enteric pathogens in irrigation water, soil and lettuce and the impact of climatic conditions on contamination in the lettuce primary production. International journal of food microbiology, v. 171, p. 21-31, 2014.

IPCC - Intergovernmental Painel Climate Change. Climate change 2007: The physical science basis, summary for policymakers. Geneva: IPCC, 2007. 18p

NJAGE, P.M.K. et al. Scale of production and implementation of food safety programs influence the performance of current food safety management systems: Case of dairy processors. Food Control, v. 85, p. 85-97, 2018.

ZUCALI, M. et al. Effects of season, milking routine and cow cleanliness on bacterial and somatic cell counts of bulk tank milk. Journal of Dairy Research, v. 78, n. 4, p. 436-441, 2011.

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