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Perda de gestação em receptoras leiteiras com influência de raças Bos indicus

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 28/05/2024

7 MIN DE LEITURA

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A perda gestacional é reconhecida como um grande desafio para os sistemas de produção de carne e leite em todo o mundo. De acordo com duas meta-análises recentes, a maioria das perdas de gestação em bovinos de corte (Reese et al., 2020) e leiteiros (Albaaj et al., 2023) são resultantes de mortalidade embrionária precoce durante o mês inicial da gestação, seguida de mortalidade embrionária tardia e perda fetal precoce. No entanto, a maioria dos estudos compilados por essas meta-análises concentraram-se em perdas embrionárias precoces, e poucos estudos avaliaram as perdas gestacionais ao longo da gestação toda (Vasconcelos et al., 1997). Portanto, pesquisas ainda são necessárias para caracterizar perdas gestacionais em rebanhos de corte e leite, particularmente em fêmeas com influência de raças Bos indicus (Cooke et al., 2020; Reese et al., 2020).

A transferência de embriões em tempo fixo (TETF) é uma biotecnologia poderosa para disseminar genética de alta qualidade em rebanhos bovinos e um valioso modelo de pesquisa para estudar perdas gestacionais. Vacas receptoras que recebem um embrião viável após a ovulação induzida, mas que são diagnosticadas como não gestantes a qualquer momento até o parto, podem ser considerados como casos de perda gestacional.

Nenhum estudo, no entanto, utilizou o TETF para caracterizar as perdas gestacionais ao longo da gestação em receptoras leiteiras influenciadas por raças Bos indicus. Esse modelo pode identificar fatores de manejo que impactam perdas embrionários e fetais, como influência do touro usado para produção de embriões ou estação do ano que a TETF foi realizada. Portanto, este experimento foi delineado para avaliar as perdas gestacionais em receptoras leiteiras com influência de raças Bos indicus, desde a TETF até o parto.

Metodologia

Foram coletados dados de 38.538 TETF realizadas de 2017 a 2021, representando um total de 9.323 receptoras cruzadas Gir × Holandês, novilhas nulíparas e vacas multíparas em lactação (variação de composição de 3/4 Gir x 1/4 Holandês a 1/8 Gir × 7/8 Holandês). A estação do ano em que a TETF foi realizada foi classificada em estação amena (maio, junho, julho e agosto) ou estação quente (todos os outros meses).

As receptoras foram mantidas a pasto com silagem de milho suplementar e concentrado de acordo com as exigências, e as vacas em lactação foram ordenhadas duas vezes ao dia. Todas as receptoras receberam protocolo de sincronização da ovulação e TETF. A presença de corpo lúteo (CL) foi avaliada nos dias 0 e 7 por exame de ultrassonografia transretal. Imediatamente após a ultrassonografia no dia 7, as receptoras diagnosticadas com CL receberam um embrião fresco produzido in vitro no corno uterino ipsilateral ao CL.

Oócitos de 447 fêmeas Gir (B. indicus) e 992 Girolandas (3/8 Gir × 5/8 Holandês) foram utilizados para a produção de embriões in vitro com sêmen sexado para fêmea de 136 touros da raça.

A diagnóstico de gestação foi feito por exame de ultrassonografia transretal 25 dias após a TETF (32 dias de gestação) e de acordo com o nascimento do bezerro. A perda gestacional foi calculada com base no diagnóstico de gestação inicial e nas taxas reais de parição. Um total de 2.298 receptoras diagnosticadas como gestantes no dia 32 de gestação foram vendidas durante a gestação e seus registros de partos são desconhecidos. Assim, a taxa de parto e a perda gestacional do dia 32 de gestação até o parto não foi calculada para esses animais.

Resultados

Nesse estudo foi considerado que todas as receptoras que receberam um embrião viável no dia da TETF estavam gestantes, portanto, as receptoras diagnosticas vazias no dia 32 de gestação, foram consideradas como casos de perda de gestação. As perdas gestacionais da TETF até 32 de gestação foram maiores (P < 0,01) do que as perdas de dia 32 ao parto. A perda total da TETF até o parto foi de 67,2%.

A perda gestacional da TETF até 32 de gestação foi maior (P < 0,01) quando a TETF foi realizada durante a estação quente, maior (P < 0,01) nas receptoras com influência maior do que 3/8 Gir, e maior (P < 0,01) quando as receptoras eram vacas multíparas lactantes. A perda de prenhez da TETF até 32 de gestação não foi afetada (P = 0,52) pela raça da vaca doadora de ovócitos (Tabela 1).

As perdas gestacionais do dia 32 de gestação até o parto foram maiores (P < 0,01) nas receptoras com influência maior do que 3/8 Gir, maior (P < 0,01) quando a TETF foi realizada durante a estação quente, maior (P < 0,01) quando as receptoras eram nulíparas, e também maior (P < 0,01) quando a vaca doadora de ovócitos era Girolando (Tabela 2).

Perdas gestacionais totais (da TETF até o parto) foram maiores (P < 0,01) quando a TETF foi realizada durante a estação quente do ano, maior (P < 0,01) nas receptoras com influência maior do que 3/8 Gir, maior (P < 0,01) nas receptoras multíparas em lactação, e maior (P < 0,01) quando a vaca doadora de ovócitos era Girolando (Tabela 3).

Os 4 touros com mais de 2000 TETF tiveram perdas gestacionais semelhantes (P ≥ 0,21) da TETF até o dia 32 de gestação e do dia 32 até o parto, bem como perdas totais (da TETF até o parto; P = 0,27). No entanto, uma interação entre touros × estação do ano foi detectada (P ≤ 0,02) para perdas gestacionais da TETF até o 32 de gestação. O Touro B teve menos (P ≤ 0,05) perdas gestacionais quando a TETF foi realizada durante a estação quente em comparação com outros touros, enquanto nenhuma diferença foi observada entre os Touros quando a TETF foi realizada durante a estação amena (P ≥ 0.46; Tabela 4).

Figura 1. Prenhez por TETF (Gráfico A) e perdas (Gráfico B) em vacas leiteiras e novilhas receptoras com influência de raças Bos indicus.

Prenhez por TETF (Gráfico A) e perdas (Gráfico B) em vacas leiteiras e novilhas receptoras com influência de raças Bos indicus.
No gráfico A, os valores entre parênteses representam as vacas com diagnóstico de prenhez positivo dividido pelo total de vacas que receberam embrião. No gráfico B, os valores entre parênteses representam as vacas que perderam a gestação divididas pelas vacas consideradas gestantes. Dentro de cada gráfico, valores com diferentes sobrescritos (a,b) diferem (P < 0,01).

Tabela 1. Fatores que impactam as perdas embrionárias precoces (da TETF até o dia 32 de gestação) em receptoras leiteiras com influência de raças Bos indicus que receberam embrião, produzido in vitro, por TETF.

 Fatores que impactam as perdas embrionárias precoces (da TETF até o dia 32 de gestação) em receptoras leiteiras com influência de raças Bos indicus que receberam embrião, produzido in vitro, por TETF.

 

Tabela 2. Fatores que impactam as perdas gestacionais a partir do dia 32 de gestação até o parto em receptoras leiteiras com influência de raças Bos indicus que receberam embrião, produzido in vitro, por TETF.

Fatores que impactam as perdas gestacionais a partir do dia 32 de gestação até o parto em receptoras leiteiras com influência de raças Bos indicus que receberam embrião, produzido in vitro, por TETF.

Tabela 3. Fatores que impactam as perdas gestacionais da TETF até o parto em receptoras leiteiras com influência de raças Bos indicus que receberam embrião, produzido in vitro, por TETF

Fatores que impactam as perdas gestacionais da TETF até o parto em receptoras leiteiras com influência de raças Bos indicus que receberam embrião, produzido in vitro, por TETF

Tabela 4. Perdas gestacionais em receptoras leiteiras com influência de raças Bos indicus que receberam embrião, produzido in vitro por TETF, de acordo com os Touros (4 touros com mais 2000 TETF) utilizados para a produção de embriões in vitro.

Perdas gestacionais em receptoras leiteiras com influência de raças Bos indicus que receberam embrião, produzido in vitro por TETF, de acordo com os Touros (4 touros com mais 2000 TETF) utilizados para a produção de embriões in vitro.

 

Conclusão

Este experimento caracterizou as perdas de gestação em receptoras leiteiras com influência de raças Bos indicus mantidas em condições tropicais, utilizando a TETF como modelo para avaliar perdas gestacionais ao longo da gestação. A maioria das perdas gestacionais ocorreu devido a mortalidade embrionária precoce, embora as mortalidades embrionárias e fetais tardias tenham sido elevadas e não devem ser associadas a doenças reprodutivas. As perdas de gestação foram diretamente impactadas pela estação do ano na qual foi realizada a TETF.

 

 

Este texto é parte do artigo publicado por Munhoz, et al. (2024), na revista Animal Reproduction Science (https://doi.org/10.1016/j.anireprosci.2024.107471).

 

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RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

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