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Como o clima impacta os sistemas de produção de leite?

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INTERLEITE SUL

HÁ UM DIA

8 MIN DE LEITURA

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Em um país como o Brasil, onde o clima varia significativamente de uma região para outra mesmo dentro de uma mesma estação, a produção de leite deve estar em constante adaptação. Mas e se, ao invés de ver o clima como uma batalha a ser vencida, passássemos a enxergá-lo como uma gama de oportunidades?

É inegável que o clima exerce influência sobre os sistemas de produção de leite, moldando manejos e estratégias que variam conforme as condições ambientais. O calor, a chuva, o frio e a seca não afetam apenas o bem-estar animal e a qualidade do leite; dependendo do manejo e do sistema de produção, podem deixar o rebanho mais propenso a doenças, reduzir a produtividade e até mesmo restringir a disponibilidade de alimentos. Mas, com conhecimento e planejamento, os desafios podem ser superados, ou ao menos, minimizados.

Clima quente

O calor excessivo é um grande vilão para vacas, causando estresse térmico, prejuízos ao bem-estar do rebanho e redução na produção de leite. Porém, há alternativas para contornar a situação. No sistema confinado (Compost Barn e Free-Stall), em situações de calor extremo, apenas o uso de ventiladores pode não ser suficiente para garantir o adequado conforto térmico. Nesses casos, uma alternativa eficaz é combiná-los com sistemas de nebulização e aspersão, que potencializam a redução da temperatura ambiente através da perda de calor.

É essencial que as instalações sejam construídas em locais elevados e levemente inclinados, favorecendo tanto a entrada de ventos naturais quanto o escoamento da água. A orientação do galpão também é fundamental; recomenda-se que siga o eixo Leste-Oeste, para que o sol passe sobre a cumeeira ao longo do dia, minimizando sua entrada direta pelas laterais.

Para garantir um bom isolamento térmico, é importante que o produtor invista em telhados de alta refletividade, de cores claras, que ajudarão a reduzir a absorção de calor no interior da instalação. Materiais como concreto, aço e alumínio, por sua alta condutividade térmica, conduzem calor rapidamente. Por exemplo, telhas de aluzinco aquecem rapidamente em dias quentes; uma estratégia eficaz para mitigar esse efeito é o uso de isolantes térmicos sob as telhas.

Em sistemas a pasto, é preciso considerar que os animais estão mais expostos ao clima. Portanto, a própria escolha da genética do animal que será utilizado na propriedade influencia no quanto ele sofrerá com o estresse. Além de dispormos de raças com maior ou menor tolerância ao clima quente, a própria cor da pelagem, por exemplo, impacta nessa tolerância. Dessa forma, podemos avaliar seleção e melhoramento genético pensado em animais mais adaptados ao ambiente local, da fazenda, já que é mais difícil de controlar o ambiente do que em sistemas confinados.  

 Além disso, diversas técnicas e práticas de manejo podem ser adotadas para minimizar o impacto do calor. Algumas delas envolvem infraestrutura, como a disponibilização de sombra em locais estratégicos, ventilação natural, bebedouros acessíveis aos animais e, até sistemas silvipastoris. Aspersores e ventiladores na sala de espera ou na sala de alimentação também podem ser usados antes das ordenhas ou em horários de trato no cocho, nas horas mais quentes. 

Há também técnicas que podem ser aplicadas a custo zero: permitir que os animais efetuem pastejo, dando acesso ao pasto em horários preferencialmente de temperaturas mais amenas - especialmente ao entardecer e amanhecer – por exemplo, pode significar grandes diferenças em consumo de pasto no verão. Na mesma linha, oferecer suplementação à sombra, em horários de temperaturas mais elevadas, quando o sol está mais alto, caso não tenha sombra no pasto, ao invés de tratar no cocho logo no nascer e pôr do sol enquanto poderiam estar pastando.

Clima frio

Em regiões de clima frio, a produção de leite também enfrenta desafios. Raças originárias da Europa, como Holandês e Jersey, comumente usadas na produção de leite no Brasil, são adaptadas a um clima mais ameno, com uma faixa de conforto térmico entre 5 e 18 °C, dependendo da linhagem e adaptação dos animais. Durante o inverno, nas regiões mais frias do Brasil, as vacas estão mais próximas dessa faixa de conforto térmico, o que pode melhorar o bem-estar, produtividade, índices reprodutivos e eficiência alimentar

No sistema confinado, a preocupação será apenas na regulagem de ventiladores e aspersores já que abaixo de 5°C já não são necessários mais banhos de resfriamento na sala de espera ou na linha de cocho, a não ser que ao longo do dia a temperatura passe disso. A partir de -5° já existe estresse térmico pelo frio e então a proteção para os animais é bem-vinda. Contudo, é raro que no Brasil haja um dia com temperaturas negativas por muitas horas, geralmente essas temperaturas são atingidas por apenas 1 ou 2 horas durante a madrugada.

Para animais no sistema a pasto, onde os animais estão expostos mais diretamente ao clima, é importante, mais uma vez, avaliar a genética animal a ser trabalhada de acordo com o clima da fazenda. Caso as temperaturas que causem estresses por frio sejam recorrentes, pode-se optar por trabalhar com animais que tenham características que os tornem mais resistentes ou tolerantes a temperaturas baixas. Jersey, por exemplo, tendem a ser mais tolerantes do que holandesas e, mesmo dentro das raças, vacas com pelagem mais espessa e densa tendem a ser mais resistentes ao frio, o que pode ser considerado na seleção de animais. Caso se utilizem animais de raças zebuínas como Gir puras ou em cruzamento com as raças europeias, é preciso considerar que esses animais não são adaptados a temperaturas baixas e medidas mais drásticas de proteção deverão ser tomadas. 

Além da escolha dos animais, é importante fornecer abrigo contra ventos fortes, que podem diminuir a sensação térmica. Isso pode ser feito tanto em instalações para alojamento dos animais em alguns horários, como com árvores que funcionem como quebra-ventos, protegendo as pastagens e locais de descanso de ventos fortes e frios, ou mesmo em bosques de livre acesso, oferecendo algo como abrigos naturais aos rebanhos. Permitir acesso ao pasto, onde ficam mais expostos ao tempo, em horários de temperaturas mais amenas no inverno, como durante o dia, também pode favorecer o consumo de pasto.

Clima chuvoso: oportunidade e desafio

A chuva pode aumentar a umidade e, em regiões com alta pluviosidade, o manejo do pasto, da cama e a lama são grandes desafios. E não vamos entrar nos problemas com queda de energia e acesso às fazendas para a captação do leite.

No sistema a pasto, o período chuvoso, apesar de ser muito bem-quisto para produção de alimento, é desconfortável para o produtor, que precisa buscar o animal em meio a lama. Aumenta também o risco de mastite e problemas de casco. 

Uma opção interessante para o sistema a pasto é implementar um adequado ajuste de lotação para garantir a oferta de forragem de qualidade e evitar o sobrepastejo, que pode comprometer a saúde do solo. A manutenção de um residual de pasto adequado ajuda, tanto a criar uma barreira física ao impacto da gota da chuva no solo, quanto a criar uma cama limpa para os animais deitarem sem contato com barro 

Pastagens anuais implantadas em solos revolvidos também são mais sensíveis aos impactos das chuvas, portanto, perenizar pastagens ou, ao menos evitar o revolvimento do solo fazendo plantio direto podem ser estratégias interessantes para mitigar efeitos de chuvas. Áreas de descanso, espera e corredores também podem ser planejadas e estruturadas para evitar acúmulo de barro. Corredores largos, em solo firme, bem compactado, com caimento para drenagem do excesso de água, por exemplo, auxiliam a, ao menor diminuir os problemas. 

Nos sistemas confinados, é necessário adequar a ventilação e os aspersores. Em cenários de alta temperatura combinada com alta umidade, o ar saturado dificulta a dissipação de calor pelos animais, pois a evaporação da água pela pele e pela respiração é limitada. Isso intensifica a sensação de calor, reduz a eficiência do sistema e torna o ambiente ainda mais estressante. A umidade relativa ideal para o conforto térmico situa-se entre 75% e 80%. Acima desse nível, a troca de calor torna-se menos eficiente devido ao excesso de condensação. Em instalações como o Compost Barn, a alta umidade pode ainda resultar em umidade excessiva na cama quando os ventiladores são acionados.

Clima seco

Durante a seca, a escassez de água e forragem representa um grande desafio para a produção de leite. Em regiões áridas, a gestão eficiente da água é essencial tanto para a hidratação das vacas quanto para a irrigação dos pastos. Nos sistemas a pasto, a escolha de espécies forrageiras resistentes à seca, o ajuste de lotação à menor taxa de crescimento, a previsão de forragem conservada ou outros substitutos para esse período de menor taxa de crescimento das pastagens são fundamentais para garantir a oferta de alimento durante os períodos críticos de menor disponibilidade hídrica. O acesso aos animais a água para consumo ganha ainda maior importância nesse cenário

Nos sistemas confinados, o uso eficiente da água e a suplementação alimentar com forragens conservadas, como silagem e feno, são estratégias importantes para manter a produção de leite. 

A eficácia do resfriamento evaporativo dos sistemas confinados está diretamente relacionada à combinação de temperatura e umidade do ar. Em condições de alta temperatura e baixa umidade relativa, esse método pode ser bastante eficiente, diminuindo significativamente a temperatura ambiente. Isso ocorre porque o sistema favorece a evaporação da água, o que reduz o calor do ambiente, embora aumente a umidade relativa.

Todo sistema de produção pode ser eficiente, desde que esteja alinhado com a realidade do produtor, suas expectativas, orçamento e objetivos de produção, além de atender às necessidades específicas dos animais. O clima não é um obstáculo, mas sim um conjunto de oportunidades para quem o entende e o utiliza a seu favor. Com planejamento e conhecimento, a produção de leite pode prosperar em qualquer região e clima do Brasil.

Pensando nisso, o Interleite Sul 2024 vai abordar o tema “Mudanças climáticas no Sul do país: efeitos e soluções”, trazendo especialistas no assunto para ajudar os produtores na resiliência da produção em diferentes climas presentes no Sul do país.  

O evento começa amanhã! Ainda dá tempo de garantir seu lugar, não perca a oportunidade de participar e estar por dentro das últimas novidades e tendências do setor leiteiro que serão ferramenta para moldar o futuro da sua produção. Garanta sua vaga agora mesmo!

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Parceiros ISUL

KARISE FERNANDA NOGARA

Zootecnista formada pela UFSM/campus Palmeira das Missões/RS. Atualmente mestranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Paraná. Trabalha com a qualidade e composição do leite e sistema de confinamento compost barn.

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