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Como as grandes fazendas leiteiras atraem mão de obra?

POR STEPHANIE ALVES GONSALES

E FERNANDA ANTUNES

INTERLEITE SUL

EM 09/07/2024

8 MIN DE LEITURA

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“Boa ajuda é difícil de encontrar”. Você já deve ter ouvido essa frase ou  até mesmo usado ela. No caso do trabalho no campo ela pode ser ainda mais frequente, principalmente em fazendas leiteiras que, como dizem os envolvidos diariamente na lida diária, não existe sábado, nem domingo, tampouco feriados. 

O trabalho no campo ainda é visto como um trabalho extremamente braçal, pesado, com longas jornadas de trabalho, abaixo de sol quente e até de chuva. No entanto, a realidade já é outra e a tendência é que ainda haja muitas alterações na forma de trabalhar nas fazendas. Claro que, ainda existem atividades que demandam um trabalho mais manual, braçal e abaixo das intempéries climáticas, afinal, como dizem os produtores, fazendas são empresas a céu aberto. 

Mas é fato que muitos processos já mudaram. Tecnologias nas suas mais diversas formas estão auxiliando a automatização dos processos nas fazendas, desde tratores e implementos com funções específicas para manejo nas lavouras e até dentro dos galpões de confinamento. A desensiladeira é bom exemplo disso, não? Assim como, ferramentas e máquinas que auxiliam nas atividades diárias com o rebanho. 

Para quebrar barreiras e conseguir mão de obra para as fazendas leiteiras, é preciso ir muito além de uma boa remuneração e condições adequadas de trabalho. Pensando nisso, a equipe do MilkPoint conversou com alguns produtores de fazendas leiteiras que fazem parte do Top 100 2024, a fim de entender o que as grandes fazendas, que necessitam de muitas pessoas envolvidas nos manejos diários, estão fazendo para tornarem suas fazendas, um lugar único e atrativo para trabalhar. 

O que as grandes fazendas leiteiras estão fazendo para se tornarem um lugar único e atrativo para trabalhar?

Em conversa com a Maria Antonieta Guazzelli, proprietária da Agropecuária Rex (Fazenda Palmito), 12° colocada no ranking Top 100 2024, ela afirma que a retenção de pessoas na fazenda é fundamental. É necessário construir um ambiente harmônico para que as pessoas se sintam bem, principalmente no leite, que é um trabalho que exige muito cuidado, dedicação e gosto pelos animais.

Maria destaca “ao seguir as práticas ESG, que envolvem o ambiental, social e a governança de uma empresa, o social é muito mais que cumprir as obrigações trabalhistas, pagamentos e salários em dia. Acho que é a questão de ter treinamento adequado para as pessoas para que elas entendam os “por quês” das coisas. Para isso, temos técnicos que ajudam nos treinamentos para dar essas respostas. A partir do momento que você dá essas informações, você tem mais dedicação dos envolvidos e mais alinhamento dos colaboradores com as atividades da fazenda. Eles param de fazer um serviço mecânico, e entendem a razão daquilo”. 

Outro ponto importante, conforme Maria comenta, é sobre errar e aprender. “Errar não é proibido, não é pecado e só erra quem faz”, afirma. “Quando algum problema ou erro acontecem, existe um diálogo com o colaborador para entender o que pode ser feito, a fim de evitar que esse erro seja cometido novamente. Todo esse processo é importante para criar uma cultura de não ter o medo de errar” e Maria ainda destaca “se você impõe aquela política que é proibido cometer erros, as pessoas continuam errando, mas elas não vão te contar, o que é muito pior. Então dar essa abertura é fundamental para que as pessoas sintam que estão num ambiente de confiança e saberem que não serão criticadas, nem repreendidas”. 

Maria ainda enfatiza que para o obter sucesso na retenção das pessoas na fazenda, ouvir os colaboradores é extremamente fundamental. “Em um determinado problema de um setor, ou na possibilidade de melhoria para uma atividade, só as pessoas que estão envolvidas diretamente nos processos podem ajudar a dar ideias. Então, ouvir essa opinião, levar em conta, faz com que a pessoa se sinta valorizada e que faz parte de tudo isso, porque foi ela quem deu uma ideia que desencadeou em melhoria de processos” comenta a proprietária da Fazenda Palmito. 

Ainda, Maria afirma que o envolvimento das pessoas no trabalho é crucial, “nós precisamos de uma certa devoção para que tudo saia bem, para que se tenha sucesso, qualidade do leite, além de proporcionar bem-estar aos animais. Assim, as pessoas precisam estar conscientizadas. É impossível estarmos juntos dos colaboradores o tempo todo, então é preciso que os envolvidos tenham consciência do que estão fazendo, do porquê e da importância” afirma Maria, que ainda deixa claro que a conscientização faz com que os colaboradores vejam sentido no que está sendo feito e não realizem as atividades apenas por obrigação. 

Por fim, Maria destaca que, buscar o envolvimento da equipe com o trabalho, com o sucesso, estar junto, fazer que com que os colaboradores se sintam parte, que cada um tenha a conscientização da importância das tarefas, ter treinamentos constantes e ouvir os colaboradores, são pontos extremamente importantes para oferecer um lugar agradável e confortável para as pessoas trabalharem. 

Fernando Afonso Machado, proprietário da Fazenda Retiro Agropecuária (Pompéu/MG), 87° colocada no Top 100 2024, afirma que a mão de obra é um dos pontos mais complexos na gestão da fazenda e que a busca por melhorias é e realmente deve ser constante, a fim de ter uma baixa rotatividade na equipe.

Fernando afirma “o que eu falo muito é que a gente deve estar bastante preocupado principalmente com a carga horária da equipe, porque temos um histórico no setor de que a equipe que trabalha no campo, principalmente na produção de leite, são pessoas que acordam de madrugada e o trabalho se estende até a noite, como era com nossos pais e avós. E hoje, não é mais tolerável ter uma carga horária de tanto trabalho. Então, é muito importante estarmos atentos com isso, carga horária muito pesada não é legal, não funciona, a equipe não tem boa qualidade de vida e isso reflete no trabalho. Os turnos devem ser bem definidos, o horário de chegada e saída é sagrado e não podemos renunciar a isso, a questão das férias e folgas devem ser bem definidas e alinhadas para que as pessoas consigam ter suas programações”.

Além disso, Fernando salienta que outro aspecto importante é a organização e limpeza do local de trabalho e destaca “uma empresa rural também possui um histórico de não ter organização e muita limpeza. Hoje não, tudo é destinado corretamente, o local de trabalho é limpo, com ambiente agradável para poder proporcionar maior bem-estar (tanto aos colaboradores quanto aos animais). Trabalhar num local extremamente limpo, confortável e gratificante faz a diferença no dia a dia de trabalho das pessoas”.

Como o trabalho nas fazendas leiteiras inicia muitas vezes antes do nascer do sol e algumas fazendas ficam distantes do centro das cidades, o proprietário da fazenda Retiro Agropecuária destaca um aspecto extremamente necessário em alguns casos: o fornecimento de estrutura adequada para os colaboradores. “Tem pessoas que precisam morar na fazenda, precisam de casa, alojamento, do fornecimento de água de qualidade, de internet e todos os fatores que tornam o local confortável para ficar. Viemos de uma geração que trabalhava muito e em alguns casos, residia em locais com falta de infraestrutura. Hoje não, temos ao nosso alcance e precisamos oferecer estrutura e tecnologia. A equipe merece conforto, além de respeitar a carga horária”.

Por último, mas não menos importante, Fernando comenta que o ganho salarial também deve ser compatível. “É necessário valorizar a equipe com um bom ganho salarial para que seja atrativo para os colaboradores” afirma. 

Na Agropecuária ZF Lunardi (Campo Erê/SC), 51° colocada no ranking TOP 100, a Zootecnista responsável Roberta Janovsky, já há 15 anos formada e praticamente todo esse tempo atuando com administração na fazenda, comenta “em 10 anos atuando em um mesmo lugar, consigo ter uma boa visão do que realmente importa para a mão de obra”.

A Zootecnista comenta que para as funções de trabalho nas fazendas, também há perspectivas de crescimento, de adquirir aprendizado e qualificações. “O que eu enfatizo nas entrevistas é que em qualquer setor que você entra, tem como evoluir, tem como crescer. Hoje um funcionário de fazenda não é uma pessoa que não sabe fazer nada e veio para a fazenda como último recurso de trabalho, muito pelo contrário, são pessoas treinadas, qualificadas em suas funções, que podem crescer onde atuam, ter aprendizado diário e receber mais por isso”.

“Hoje temos um quadro de 42 funcionários e precisamos ter pessoas qualificadas em cada setor, desde limpar uma cama de free-stall, manejar o compost barn, nos processos de ordenha, qualidade do leite, pessoas no manejo reprodutivo, sanitário, além do bem-estar animal. Temos muitos casos de funcionários que entraram sem nenhuma experiência, mas que hoje estão inseridos em equipes qualificadas, por terem feito treinamento, por todo o aprendizado e ter força de vontade”, destaca Roberta. 

A Zootecnista também cita que uma série de outros aspectos fazem diferença para tornar a fazenda um bom lugar para trabalhar. “Nós como empresa, precisamos ter todos os processos definidos para que os funcionários se sintam seguros, como a parte de registro, de segurança do trabalho, a distribuição correta de equipamento de proteção individual (EPI), disponibilizar cursos e capacitações, ter descanso adequado, planos de bonificações, ter metas e bonificações em cumprir metas. Tudo isso gera um plano de ação para a fazenda, dando um retorno positivo para toda a equipe. A gente está sempre em busca e criando motivações para incentivar a todos”, comenta. 

Roberta ainda destaca “nós tivemos muitos exemplos de ex-funcionários querendo retornar na fazenda e eu fico feliz por isso, porque as pessoas saíram para trabalhar em indústrias, com horários definidos de entrada e saída, mas retornaram. Isso mostra que que sim, é bom trabalhar no rural, é bom trabalhar com vacas e se qualificar nesse setor”. 

O meio rural mudou

Ao longo dos anos, o meio rural passou por significativas transformações, tornando-se mais tecnológico e modernizado. As exigências por parte das fazendas leiteiras para atuação dos colaboradores são maiores, mas há também uma necessidade de fornecer as condições adequadas e compatíveis com cada função da atividade. Assim como em outros setores, não basta oferecer um salário justo e cumprir a legislação trabalhista, é necessário proporcionar benefícios e incentivos diários para criar um ambiente seguro, agradável e confortável na fazenda, promovendo a retenção de talentos na atividade.

 

Quer entender os desafios e as soluções para mão de obra na sua fazenda? Nos dias 18 e 19 de setembro em Chapecó/SC no Interleite Sul a Zootecnista responsável da fazenda ZF Lunardi estará presente para falar sobre o tema em sua palestra “Gestão visando atrair e manter bons funcionários – o exemplo da Fazenda ZF Lunardi”.

Além do painel focado no tema “Os desafios e soluções para a mão de obra no campo” , o evento também contará com outros painéis a fim de desvendar os novos caminhos para o futuro da produção de leite. 

Não fique de fora, inscreva-se agora mesmo!

Para mais informações ou compra de pacotes de ingresso com desconto: (19) 99247-5347 ou thais@milkpointventures.com.br 



Fonte consultada: Dairy Herd Management.

 

STEPHANIE ALVES GONSALES

Zootecnista formada pela Universidade Estadual de Maringá e pós-graduada em Gestão do Agronegócio. Integrante da Equipe de Conteúdo do MilkPoint.

FERNANDA ANTUNES

Engenheira Agrônoma pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC/CAV.

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