As emissões de gases de efeito estufa (GEE) e seus efeitos nas mudanças climáticas são questões ambientais importantes na cadeia agrícola.
Na última terça-feira (13/08), ocorreu o workshop "Emissões de gases de efeito estufa e Análise do Ciclo de Vida (ACV) na produção de leite", reunindo consultores, produtores e estudantes para discutir o tema que demonstra crescente importância na pecuária leiteira. O evento contou com a participação de André Mazzetto, Cientista Sênior em Análise do Ciclo de Vida na AgResearch, Nova Zelândia.
Durante o workshop, foram abordados temas como a pegada de carbono na pecuária leiteira, as principais fontes de emissão de gases na atividade, manejo de resíduos e análise do ciclo de vida, fundamentais para ditar o futuro de uma pecuária leiteira sustentável.
O workshop contou com a integração entre teoria e prática, proporcionando uma compreensão aprofundada dos conceitos fundamentais e da realidade do setor. Além disso, incluiu uma simulação prática que permitiu o cálculo da pegada de carbono de uma fazenda leiteira, oferecendo aos participantes uma experiência concreta e aplicável.
A pegada de carbono na pecuária leiteira
A pegada de carbono serve como um indicador para avaliar a sustentabilidade da produção leiteira e identificar áreas de melhoria. Pesquisadores em diferentes países têm calculado a pegada de carbono do leite usando a análise do ciclo de vida (ACV) para avaliar a eficiência de seus sistemas de produção.
Segundo André, a Análise do Ciclo de Vida (ACV) é uma metodologia científica desenvolvida desde a década de 1960, que tem sido amplamente aplicada na quantificação das emissões de gases de efeito estufa por quilograma de produto, com foco especial na produção animal. Nos últimos anos, além das preocupações com o aquecimento global, a pressão dos consumidores para que as empresas apresentem valores claros sobre a pegada de carbono de seus produtos tem se intensificado. Consequentemente, muitas empresas e indústrias têm buscado ativamente quantificar as emissões associadas aos seus produtos.
Durante o workshop, André também apresentou algumas ferramentas utilizadas para mensurar a pegada de carbono em fazendas leiteiras, como o GLEAM-i e a Cool Farm Tool. Essas ferramentas são especialmente úteis para quem está iniciando nesse processo, fornecendo uma visão clara das informações necessárias e uma compreensão dos cálculos envolvidos.
O manejo de resíduos na atividade leiteira
Outro aspecto que tem ganhado destaque no setor é o manejo de resíduos nas fazendas leiteiras. André ressalta que os dejetos representam a segunda maior fonte de emissão de gases de efeito estufa. Ele afirma: "Qualquer oportunidade de melhoria para reduzir as emissões provenientes dos dejetos é bem-vinda." Uma solução promissora nesse sentido é o uso de lagoas anaeróbicas, que capturam o metano para geração de energia. Além de produzir energia, essa prática contribui para a redução da quantidade de resíduos no solo, permitindo o uso dos dejetos como fertilizante. Isso, por sua vez, diminui a necessidade de aquisição de fertilizantes externos, o que também auxilia na redução das emissões da fazenda.
Sustentabilidade na produção de leite no Brasil
Essa demanda está em crescimento e representa um caminho sem retorno, com a pegada de carbono ocupando uma posição central nas discussões. Trata-se de uma tendência global, que não se limitará ao Brasil, mas envolverá todos os principais países produtores de leite. Além da produção sustentável, com foco na redução de emissões, outras questões também emergirão como parte desse novo cenário, como a pegada hídrica, entre outras temáticas ambientais relevantes.