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Mudanças em preços de leite e impacto na produção: analisando as elasticidades

VÁRIOS AUTORES

GLAUCO RODRIGUES CARVALHO

EM 08/08/2024

4 MIN DE LEITURA

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A pecuária de leite no Brasil tem passado por transformações importantes em termos espaciais, tecnológicos e nos sistemas de produção. Tem sido observados ganhos elevados de produtividade e consolidação no campo.

Em termos espaciais, o estado de Minas Gerais lidera isolado a produção nacional, com 27% do leite brasileiro, de acordo com a Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE. No entanto, apesar da dimensão da produção nacional, o volume de leite ficou estagnado na última década. Neste sentido, têm sido observadas duas dinâmicas distintas no setor lácteo nacional. Por um lado, grupos de produtores deixando a atividade, com baixa remuneração, baixa tecnologia ou mesmo por falta de sucessão na atividade. Por outro lado, têm-se produtores com aumento de produção e produtividade das vacas, com maiores investimentos, uso intensivo de tecnologias, fomento na gestão das fazendas e utilização de práticas inovadoras para incrementar a produção final e equilibrar seus custos de forma sustentável.

Neste contexto, existe também uma questão importante relacionada ao volume de leite produzido nas fazendas e como estes estratos de volume se posicionam diante de cenários de preço do leite. A política brasileira de pagamento pelo leite, com elevada bonificação por volume, tem papel fundamental no direcionamento da atividade. Como estes estratos de produção têm respondido a estímulos de preços, ou seja, qual a elasticidade-preço da oferta?

O objetivo desta análise é explorar este tema, com base em dados gerenciados pela empresa de consultoria Labor Rural. A avaliação considerou dados de janeiro/2023 a dezembro/2023, de centenas de fazendas, divididas em três estratos de produção, sendo o primeiro com fazendas de produção média diária de até 650 litros, o segundo com produção entre 650 e 2.000 litros/dia e o terceiro com volume diário superior a 2.000 litros de leite.

A elasticidade-preço da oferta é um indicador econômico que ilustra a resposta, em produção de leite, a variações no preço do leite. Em outras palavras, este indicador busca entender qual seria o aumento percentual na produção em função de uma alta percentual no preço. Da mesma forma, caso haja uma queda de preço, qual seria o recuo na produção. Indicadores menores que 1 indicam que a oferta é inelástica a preços, ou seja, a oferta é pouco sensível a alteração em preços. Indicadores superiores a 1 indicam uma oferta elástica e com maior resposta a mudanças em preços.

Pelos resultados, é possível observar dois movimentos distintos. O primeiro é que a elasticidade-preço da oferta aumenta à medida que a produção diária cresce. Ou seja, fazendas com maior volume diário de produção de leite tendem a responder mais a mudanças em preços. A segunda observação é que a produção de leite é inelástica a preços nas fazendas de menores produções, ou seja, aumentos ou quedas de 1% em preço geram respostas em oferta menores que 1%. O contrário é observado no grupo com produção diária superior a 2.000 litros diários, onde a oferta mostrou-se elástica. Neste caso, um aumento de 1% em preço causa um aumento médio na produção de 1,75% (Figura 1).

Figura 1: Elasticidade-preço da oferta de leite por diferentes estratos de produção diária.

Elasticidade-preço da oferta de leite por diferentes estratos de produção diária

Fonte: Labor Rural/CILeite-Embrapa.

Estes resultados auxiliam no entendimento de dois movimentos produtivos e de consolidação em curso no mercado brasileiro de leite. No caso da consolidação, é uma tendência que tem sido observada na cadeia produtiva do leite, com produtores aumentando a produção visando economias de escala e melhor rentabilidade. Essa consolidação é bem ilustrada com os Top 100 do Brasil, em levantamentos do MilkPoint, que já respondem por quase 4% do leite inspecionado do país. Essa participação era de apenas 2% há 10 anos atrás.

A bonificação por volume, na precificação do leite, também vem incentivando este crescimento na produção média por fazenda. Neste caso, a análise das elasticidades indicou que os aumentos de preços acabam levando produtores maiores a produzirem mais, seja via aumento no número de vacas ou ganhos em produtividade das vacas. O fato é que os grandes produtores crescem mais rapidamente que os pequenos e ganham participação na oferta nacional de leite. No entanto, o somatório dos produtores pequenos ainda representa parcela significativa do leite nacional e exige um olhar mais cauteloso neste tema.

O segundo movimento se refere a uma produção de leite com maiores oscilações. Da mesma forma que incremento de preço leva ao aumento de produção, a queda de preços também induz a contração da produção. Esses dois fatores acabam levando a um incremento na volatilidade do mercado, já que excessos ou escassez de oferta tem forte impacto nos preços. No passado oscilações na produção não eram tão visíveis e pronunciadas e a produção brasileira sempre seguiu crescendo, com maior resiliência.

A Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE, que traz o volume de produção sob inspeção, foi iniciada em 1997 e até 2014 a produção do Brasil cresceu ininterruptamente, mesmo com períodos de aperto de margens e cenários diversos de preços do leite. Ou seja, aparentemente uma produção inelástica a preços. No entanto, nos anos recentes o cenário mudou, com a produção recuando em 2015 e 2016, e posteriormente em 2021 e 2022. Uma possível explicação é o fato de que os maiores produtores representam parcela crescente da oferta nacional e fazem ajustes mais rápidos na produção de leite em função do cenário de rentabilidade e sua maior elasticidade-preço da oferta.

O mercado de leite enfrenta desafios e oportunidades, a colaboração entre produtores, pesquisadores e formuladores de políticas é fundamental para garantir um setor sustentável e próspero.

GLAUCO RODRIGUES CARVALHO

GIOVANI DA COSTA CAETANO

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FERNANDO BACK

FORQUILHINHA - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/08/2024

Boa tarde aos autores. Observações perfeitas. A distribuição dos preços de leite nos extratos de volume de produção sempre foi a política da captação, alegando custos menores em logística. O cenário é este mesmo de um menor número de produtores com volumes crescentes. Porém o equívoco neste tipo de política na cadeia produtiva do leite tem demonstrado produtores de grande volume com altos custos de produção e que procuram na escala a fórmula para o equilíbrio das contas apesar de receberem valores muito acima dos demais produtores. O resultado disso é que somos importadores de leite e temos um dos leites mais caros do mundo. NÃO DEVERÍAMOS FICAR FAZENDO MAIS DO MESMO!
GLAUCO RODRIGUES CARVALHO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 13/08/2024

Obrigado Fernando pelo seu comentário. Concordo em boa parte contigo. Existe sim uma questão de volume e custo logístico, mas em determinadas regiões os diferenciais são bastante elevados, prejudicando produtores menores. De todo modo, há espaço para ganhos de eficiência em todos os estratos de produção. Iremos trabalhar esse tema no próximo artigo. Aguarde!

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