ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Melhoramento genético em rebanhos leiteiros: o que os produtores têm feito?

POR FERNANDA ANTUNES

E MARIA LUÍZA TERRA

PRODUÇÃO DE LEITE

HÁ 2 DIAS

6 MIN DE LEITURA

0
10

Nos últimos anos, a pecuária leiteira tem passado por um intenso processo de especialização na produção. Em 1973, a produção nacional não atingia 8 bilhões de litros anuais, com uma produtividade média por vaca inferior a 700 litros por ano. Atualmente, a produção nacional de leite supera a marca de 35 bilhões de litros e a produtividade média do rebanho é mais de três vezes superior àquela registrada há 50 anos, de acordo com a Embrapa. 

Dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA) revelam que, em 2023, os produtores de leite utilizaram 5.433.736 doses de sêmen, um aumento de 6% em relação ao ano anterior, quando foram utilizadas 5.104.924 doses. 

Ainda segundo a ASBIA, em 2023, foram inseminadas 12.659.661 matrizes para leite, representando 12,5% do total de fêmeas do rebanho brasileiro. Esses números refletem o avanço e a intensificação da pecuária leiteira no país, destacando o crescimento na produção de leite. Esse progresso pode ser parcialmente atribuído ao melhoramento genético implementado em diversos rebanhos nacionais.

Dentro da fazenda, criar um planejamento estratégico de genética é o caminho mais eficiente para atingir o melhoramento esperado dentro do rebanho. O plano/estratégia genética é importante pois o investimento em genética dentro de uma propriedade vai trazer resultados de médio a longo prazo.

Segundo a veterinária e professora da  Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, Ricarda dos Santos, a decisão do sêmen que está sendo utilizado hoje vai produzir a vaca que estará em produção no mínimo daqui a 3 anos. Por isso, uma decisão errada pode impactar seu negócio futuro. E como a genética tem efeito cumulativo, além de produzir indivíduos ruins, essas características indesejadas serão passadas para as próximas gerações.

O plano genético permite que o produtor tenha dentro do seu rebanho uma evolução genética maior e mais rápida. 

Genética nas fazendas: estratégias de um produtor de leite e queijos

Eudes Braga, produtor de leite e queijos em Carmo do Paranaíba/MG, compartilhou a evolução genética do rebanho de sua fazenda. Ele iniciou as atividades em 2004 com uma única bezerra de raça cruzada. Em 2011, definiu o foco na raça holandesa, introduzindo monta natural com touros puros de origem (P.O.). Logo após, a fazenda substitui a monta natural pela inseminação artificial (IA).

Em 2012, com a chegada da avaliação genômica ao Brasil, Eudes adotou essa ferramenta para orientar a seleção dos melhores animais, além de adquirir embriões de fazendas renomadas para complementar o rebanho. A genômica foi fundamental na criação de um plano genético próprio, voltado para a produção em volume de leite da raça holandesa, além do volume de sólidos, importante para a produção de queijos da propriedade.

O plano estabelecido determina que as 10% melhores fêmeas, de acordo com a avaliação genômica, sejam multiplicadas por meio da fertilização in vitro (FIV). Os embriões dessas fêmeas são implantados nas 30% fêmeas inferiores, além da seleção dos melhores touros de acordo com o plano genético para aquisição do sêmen. 

As demais 60% de fêmeas do rebanho seguem o processo de reprodução normal, com novilhas, primíparas e multíparas recebendo sêmen sexado, com o objetivo de aumentar o número de fêmeas no plantel. 

Atualmente, a fazenda registra 80% de nascimentos de fêmeas, e os machos são recriados e comercializados como touros de boa genética para criadores que utilizam monta natural.

Com 280 animais em produção, a fazenda já alcançou 12.000 litros de leite por dia. O objetivo é dobrar essa produção, atingindo 25.000 litros diários até 2027. Para isso, Eudes suspendeu temporariamente a venda de animais, priorizando o crescimento do rebanho. Além disso, a fazenda comercializa de 4 a 5 mil embriões por ano em todo o Brasil, consolidando-se como referência na genética leiteira.

Imagem 1. Animais do rebanho da fazenda de Eudes Braga.

Rebanho de Eudes Braga

Como uma fazenda Top 100 investe no melhoramento genético

A Fazenda Melkstad, segunda colocada no ranking Top 100 de 2024, situada em Carambeí/PR, alcançou um marco histórico em 2024 ao registrar uma produção diária de 100.240 litros de leite, com 2.273 vacas em lactação, apresentando uma média de 44,1 litros/vaca/dia. Em 2023, a produção média diária foi de 84.025 litros. A elevada produção por vaca reflete o enfoque no melhoramento genético do rebanho.

Segundo Diogo, sócio-diretor da Melkstad, as estratégias fundamentais incluem programas de acasalamento controlado e uma parceria estratégica com um fornecedor de sêmen, utilizando 100% de genética controlada e assistência especializada nesse processo. Além disso, desde 2021 o mapeamento genômico em animais jovens é realizado a fim de selecionar os melhores animais do rebanho. 

As principais vantagens de investir em genética incluem melhorias significativas na produção de leite, bem como no desempenho reprodutivo e sanitário dos animais. O uso de genética de qualidade resulta em alta produtividade a custos reduzidos, devido à maior saúde dos animais. Além disso, o aumento do número de fêmeas no rebanho possibilita vendas estratégicas.

O trabalho voltado para a melhoria genética do rebanho tem demonstrado resultados positivos em diversos índices, como mérito leiteiro, teor de gordura e proteína do leite e longevidade dos animais. "Observamos uma evolução ascendente em todos os indicadores", afirma Diogo, que acrescenta "o investimento em genética oferece um retorno rápido, com resultados perceptíveis já nas próximas gerações".

Imagem 2. Animais do rebanho da fazenda de Melkstad.

Fazenda Melkstad

Genética em uma propriedade referência na raça Jersey

Na Cabanha Guinther não é diferente. Localizada na Capital Nacional do Gado Jersey, Braço do Norte/SC, um dos focos da propriedade está voltado para a tecnologia e o melhoramento genético do plantel. A propriedade utiliza técnicas avançadas de reprodução, como inseminação artificial e transferência de embriões e muitos de seus animais resultam da busca por qualidade genética em feiras nacionais.

Rosi, proprietária da Cabanha, relembra que, ao iniciar na produção de leite, adquiriu 10 novilhas prenhes e P.O. de uma propriedade que já trabalhava com melhoramento genético. "Naquela época, comecei a fazer acasalamento visual com o auxílio do técnico responsável. No começo, eu não conhecia as melhores estratégias e tentava inseminar com animais leiteiros que não tivessem consanguinidade. Esse foi o início do trabalho focado em genética na Cabanha."

Desde então, os processos evoluíram significativamente. Com o uso de ultrassonografia, Rosi monitorava a prenhez dos animais e selecionava os melhores reprodutores, sempre escolhendo touros compatíveis com seu rebanho, visando a constante melhoria genética. Com o passar do tempo, Rosi passou a realizar testes de DNA nos animais para identificar as melhores vacas, e posteriormente, adotou a genotipagem, o que representou um avanço na cabanha, resultando em um rebanho geneticamente evoluído e padronizado.

“Nosso objetivo é criar animais com excelente conformação de úbere, alta produção de leite e longevidade. O resultado é um plantel saudável, homogêneo e padronizado. Além da alta produção, os animais possuem a capacidade de sustentar essa produção, alcançando uma média de 30 litros/dia/vaca em confinamento free stall, com animais da raça Jersey” afirma Rosi.

A maior vantagem identificada foi a combinação de alta produção de leite com qualidade superior, apresentando elevados teores de gordura e proteína, em vacas com boa estrutura corporal e força de garupa, características que as tornam extremamente aptas à produção, mantendo uma excelente saúde.

O retorno vai além da elevada produção de leite. Rosi também investe na produção e comercialização de embriões e animais de alta genética, o que gera uma renda adicional à propriedade.

Essa estratégia trouxe excelentes resultados em todo o desempenho dos animais, abrangendo aspectos reprodutivos, sanitários e de desenvolvimento. “Não tenho dúvidas de que o foco na genética do rebanho é o principal responsável pelos bons resultados obtidos. Hoje, estou plenamente satisfeita ao ver os frutos desse trabalho, com bezerras, novilhas e vacas de alta capacidade leiteira” destaca a proprietária da Cabanha Guinther.

Imagem 3. Animais do rebanho da Cabanha Guinther.

Animais do rebanho da Cabanha Guinther.

 

Fotos e informações cedidas por Diogo Vriesman, Eudes Braga e Rosi Souza Effting, à equipe MilkPoint.

Fonte consultada: Anuário Leite 2024 e Anuário Leite 2023 - Embrapa.

FERNANDA ANTUNES

Engenheira Agrônoma pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC/CAV.

0

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures