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Incidência de microrganismos causadores da mastite em propriedades leiteiras de Goiás

VÁRIOS AUTORES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/06/2024

5 MIN DE LEITURA

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A inflamação da glândula mamária é caracterizada por mudanças no tecido glandular e uma série de modificações físico-químicas no leite. Esta afecção é comumente causada por bactérias e em menor proporção por fungos e vírus (MORITZ & MORITZ, 2016).

O impacto que a mastite causa sobre a qualidade do leite é reconhecido mundialmente e os programas para o seu controle devem ser entendidos como pilares de sustentação dos programas nacionais de qualidade do leite que devem ser pautados em medidas preventivas, na identificação e tratamento adequado de animais infectados, sendo este um fator limitante e que apresenta maior dificuldade para ser atingido, dada a complexidade da etiologia das mastites, o momento em que se diagnostica cada caso e os aspectos de resistência microbiana (BARKEMA et al., 2006).

Entretanto, a bovinocultura leiteira é uma área que cresce de forma exponencial, tornando necessário o aprimoramento do setor por meio de tecnologias que auxiliem na identificação dos problemas a fim de gerar respostas e intervenções significativas a curto prazo.

Programas de cultura microbiológica na fazenda foram desenvolvidos para identificar o agente causador da mastite e permitir a tomada rápida de decisões sobre protocolos de tratamento seletivo de mastite clínica (SANTOS & FONSECA, 2019).

Nesse contexto, foram coletadas amostras de leite de forma individualizada de 183 vacas, em 15 fazendas distintas na região do município de Orizona - GO. No Quadro 1 pode ser vista a predominância dos principais agentes isolados identificados por meio de cultura microbiológica.

 

QUADRO 1 - Incidência de microrganismos causadores de mastite em propriedades do município de Orizona - GO.

Agente

Quantidade

Porcentagem (%)

Streptococcus agalactiae

61

33,40

Staphylococcus aureus

41

22,40

Staphylococcus coagulase-negativa

38

20,76

Streptococcus uberis

34

18,57

Coliformes

7

3,78

Pseudomonas spp.

2

1,09

Total

183

100

Fonte: On Farm, (2022).

 

Por meio destes resultados é notório a influência dos agentes Streptococcus agalactiae, Staphylococcus aureus, Staphylococcus coagulase-negativa e Streptococcus uberis. Apesar de predominante, uma característica importante da S. agalactiae que difere das demais é que a partir de um diagnóstico precoce das vacas positivas, é possível eliminá-la do rebanho. Essa bactéria responde positivamente ao tratamento, principalmente com antibióticos dos grupos de penicilinas e cefalosporinas. As taxas de cura para esse tipo de agente chegam a ser de 90 % a 95 % (EDUCAPOINT, 2019).

Em contrapartida, S. aureus é um agente de alta contagiosidade, geralmente é encontrado no interior da glândula mamária, canal do teto ou na pele, principalmente quando lesada, tendo sua prevalência nos rebanhos variando entre 81 % a 94 % (HOGEVEEN et al., 2011). Seu mecanismo de ação consiste em colonizar o epitélio do teto, fixando-se nas células epiteliais da glândula mamária dificultando assim a ação dos antimicrobianos. Pelo fato de induzir resposta imune menos intensa, desenvolve infecção intramamária crônica com atrofia do alvéolo mamário, fibrose e desenvolvimento de micro abscessos, dificultando a fagocitose celular e ação dos antimastíticos. Os micro abscessos podem se romper originando novo caso de mastite de repetição e consequente aumento na contagem de células somáticas (CCS), fazendo com que as glândulas infectadas diminuam a produção leiteira pela destruição permanente do parênquima (RIBEIRO et al., 2016).

Apesar da prevalência, as bactérias S. coagulase-negativa possuem menor patogenicidade em comparação as demais, e foram identificadas principalmente nos casos de mastite subclínica. Sendo assim, com um diagnóstico precoce deste agente é possível obter bons resultados no tratamento. Por outro lado, apesar de ter apresentado menor prevalência na região analisada, quando comparado aos agentes citados anteriormente, S. uberis é um dos agentes mais persistentes nas propriedades que possuem a cepa no rebanho. Isto se dá devido as cepas específicas de S. uberis estarem envolvidas no desenvolvimento de mecanismos de resistência aos antimicrobianos, as previsões baseadas em sua ocorrência podem ser usadas como um sistema de vigilância de alerta precoce para melhorar o controle da mastite por este agente (ARCHER et al., 2017).

Com relação as Coliformes e Pseudomonas spp., esses agentes apresentaram baixa incidência na região da pesquisa, porém, é de extrema importância ressaltar que o controle ambiental é um fator que impede a disseminação.

Observa-se que ambos os agentes podem ser transmitidos pelo ambiente, como o piso, esterco, contato do teto com as fezes, mãos do ordenhador, ou por meio dos equipamentos de ordenha e flutuações de vácuo. Desta forma, compreende que se houver práticas de higiene antes, durante e após o momento da ordenha como higienização e manutenção adequada dos equipamentos, limpeza dos tetos associado ao uso de pré e pós-dipping, as taxas de predominância desses agentes tendem a diminuir. 

Além disso, recomenda-se antes de introduzir novos animais no rebanho utilizar métodos de diagnóstico rápido para mastite como teste de caneca fundo preto e CMT (California Mastitis Test) para identificar quais vacas estão com mastite (clínica ou subclínica) que podem disseminar novos agentes dentro da propriedade.

 

Autores

Gabriella de Oliveira Nascimento

Hugo Jayme Mathias Coelho Peron

Pedro Paulo Alves Pinheiro

Marco Antônio Pereira da Silva

Tiago Pereira Guimarães

 

Agradecimentos

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (Processo n. 303505/2023-0), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e IF Goiano pelo apoio a realização da pesquisa.

 

Referências Bibliográfica

ARCHER, S. C., BRADLEY, A. J., COOPER, S., DAVIES, P. L., GREEN, M. J. Prediction of Streptococcus uberis clinical mastitis risk usingMatrix-assisted laser desorption ionization time of flight massspectrometry (MALDI-TOF MS) in dairy herds. Preventive Veterinary Medicine, v. 144, p. 1-6, 2017.

BARKEMA H.W., SCHUKKEN Y.H., ZADOKS R.N. 2006. Invited review: The role of cow, pathogen, and treatment regimen in the therapeutic success of bovine Staphylococcus aureus mastitis. J. Dairy Sci. 89 (6):1877-1895.

EDUCAPOINT, 2019. Você sabe quais são os principais agentes causadores de mastite? Disponível em:<https://www.educapoint.com.br/v2/blog/pecuaria-leite/principais-agentes-causadores-mastite/> Acesso em: 13 mar 2024

HOGEVEEN H., HUIJPS K., LAM T.J.G.M. 2011. Economic aspects of mastitis: new developments. N.Z. Vet. J. 59(1):16-23.

MORITZ, F.; MORITZ, C. M. F. Resistência aos antimicrobianos em Staphylococcus spp. associados à mastite bovina. Rev Ciên Vet Saúde Públ. v. 3, n. 2, p. 132-6, 2016

RIBEIRO M.G., LANGONI H., DOMINGUES P.F., PANTOJA J.C.F. 2016. Mastite em animais domésticos, p.1155-1205. In: Megid J., Ribeiro M.G. & Paes A.C. (Eds), Doenças Infecciosas em Animais de Produção e de Companhia. Roca, Rio de Janeiro.

 

HUGO JAYME MATHIAS COELHO PERON

PEDRO PAULO ALVES PINHEIRO

MARCO ANTÔNIO PEREIRA DA SILVA

Doutor em Ciência Animal pela Universidade Federal de Goiás, Professor do IF Goiano - Campus Rio Verde, GO

TIAGO PEREIRA GUIMARÃES

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DENIS AURELIO LOPES DE OLIVEIRA

REALEZA - PARANÁ - ESTUDANTE

EM 25/06/2024

O que esse estudo identifica é a prevalência e não incidência como diz no título, existe diferença entre os dois termos

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