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Como manter um banco de colostro com qualidade

POR LIBOVIS - UFRRJ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/08/2024

5 MIN DE LEITURA

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O colostro é a secreção obtida na primeira ordenha após o parto, sendo alimento rico em nutrientes (principalmente gordura, proteína, vitaminas, minerais e diversos compostos bioativos), o qual irá desempenhar diversas funções no organismo do bezerro (ALTA CRIA, 2023).

A sobrevivência de bezerras nas primeiras semanas de vida, bem como o desempenho produtivo que essa bezerra terá como vaca, na sua fase adulta, depende da imunidade passiva adquirida pela ingestão de colostro materno, sendo assim a colostragem adequada garante imunidade ao animal devido à alta concentração de imunoglobulinas que as protegem especialmente pela sua capacidade de neutralizar microrganismos prevenindo infecções (BIBURGER et al., 2014), garantindo proteção até que desenvolva memória imunológica própria. Portanto o colostro se torna a peça chave para a criação de vacas saudáveis.

Desta forma é fundamental que a colostragem seja realizada de forma eficaz, e uma das formas de garantir essa eficiência é a implementação do banco de colostro nas propriedades, sendo possível ao produtor armazenar colostro de qualidade, além de auxiliar em situações de falta de colostro. Porém, cabe ressaltar que existem pontos críticos na formação deste banco e que devem ser levados em consideração para sua execução correta e segura.

O banco de colostro é, sem dúvida, a melhor estratégia para garantir suprimento de colostro de boa qualidade em volumes adequados para bezerros recém-nascidos (BITTAR, 2011). No entanto, Bittar et al. (2016) ainda afirmam que esse alimento pode reduzir o desempenho animal e aumentar a taxa de morbidade e mortalidade se estiver contaminado por microrganismos, aumentando as despesas com medicamentos, mão-de-obra e prolongando as fases de aleitamento e desaleitamento. Sendo assim, os primeiros pontos que devem ser levados em consideração são a saúde da vaca gestante, que deve ter sua sanidade e nutrição garantida. Além, da correta execução dos procedimentos de coleta, manipulação e armazenagem.

No momento da coleta é imprescindível a realização de todos os procedimentos usuais para realização da ordenha. Rufino et al. (2014) aconselham a armazenar  apenas o colostro do primeiro dia após o parto, o qual possui qualidade superior. Neste momento também será avaliado a qualidade nutricional e imunológica do colostro. Esse, segundo a Alta CRIA (2023), deverá possuir baixa contagem bacteriana (Contagem padrão em placa <100.000 UFC/mL) e qualidade imunológica de, no mínimo, 25% de Brix, análise que pode ser feita com um refratrômetro ou colostrômetro. 

Para sua manipulação, pode-se congelar porções individuais de um ou dois litros devidamente identificados com a data de congelamento e a identificação do animal (RUFINO, 2014), além da qualidade imunológica (BRIX). Segundo a Alta CRIA (2023) é necessário manter congelado em freezer (-20°C) exclusivo para o banco de colostro. Godden (2008) afirma que esse colostro deve ser congelado dentro de 1 hora após a coleta, podendo ficar congelado por até 1 ano.

A Alta CRIA (2023) afirma que o seu descongelamento deve ser feito em banho-maria com água à, no máximo, 55°C, podendo ser utilizado marmiteiros com termostato ou os termocirculadores industriais para auxiliar na manutenção da temperatura ideal.  Ainda de acordo com esta fonte, o fornecimento do colostro deve ser feito em uma temperatura próxima à temperatura corporal do bezerro, por volta de 38 a 39°C.

Recomenda-se que a propriedade tenha um procedimento operacional padrão (POP) a ser seguido, garantindo que a coleta, o armazenamento e o fornecimento tenham qualidade:

1. Coleta de colostro:

  • Identificar vacas recém paridas (que tenham dado à luz nas últimas 12 horas) saudáveis e livres de doenças, há uma tendência que vacas mais velhas tenham colostro de melhor qualidade devido ao maior tempo de vida e contato com doenças, o que garante maior quantidade e qualidade de anticorpos;
     
  • Limpar os tetos da vaca com papel toalha úmido, um papel para cada teto, descartar os primeiros jatos de leite para evitar a contaminação natural que fica alojada na saída do ducto,
     
  • Coletar pelo menos 3 a 4 litros de colostro por doadora, verificando visualmente se o colostro é espesso, amarelado e livre de grumos. Para coleta, utilizar frascos limpos e esterilizados ou sacos plásticos próprios para congelamento, evitando o contato direto das mãos do ordenhador com o colostro para minimizar riscos de contaminação;
     
  • Separar uma pequena alíquota para mensurar a qualidade com uso de refratrômetro de Brix ou colostrômetro (procedimento fácil de ser executado na propriedade) e, se possível, separar uma pequena amostra em frasco estéril, corretamente identificado com o número/nome da vaca, para envio a laboratórios que avaliem a qualidade microbiológica;
     
  • Manter registros detalhados de cada doadora, volume coletado e qualidade para monitorar eficácia e eficiência do manejo.

2. Armazenamento de colostro:

  • Rotular cada recipiente com a identificação da vaca doadora, data e hora da coleta;
     
  • Refrigerar o colostro imediatamente entre 2°C e 4°C após a coleta para evitar o crescimento bacteriano nos casos de uso imediato. Se o colostro não for usado imediatamente, congelá-lo a uma temperatura de -20°C ou mais fria.

3. Fornecimento de colostro:

  • Descongelar o colostro lentamente em banho-maria com água no máximo a 55°C;
     
  • Oferecer colostro fresco ou descongelado nas primeiras 6 horas de vida da bezerra, na quantidade de 10% do peso do animal;
     
  • Observar se a bezerra está ingerindo corretamente o colostro. Algumas bezerras tem dificuldade na adaptação a mamadeira, mas se for verificado que a bezerra está tentando mamar e não consegue, observar se há algum tipo de ferimento ou mesmo fraqueza e, um médico veterinário deverá ser chamado.

Conclui-se, portanto, que a correta colostragem é uma prática fundamental em toda fazenda, que preserva a saúde dos bezerros e que tem uma relação custo-benefício favorável. Sendo assim, é fundamental que o recebimento deste alimento seja garantido aos animais, sendo que uma das maneiras de assegurar este fornecimento é a implementação do banco de colostro. Este por sua vez deve ser feito da maneira correta para manter a segurança e a transferência de imunidade adequada.

 

Autores:

Marcela Leonor de Carvalho Nogueira -Discente do curso de Medicina Veterinária;

Elisama Cosme Higino - Discente do curso de Medicina Veterinária;

Ana Paula Lopes Marques - Orientadora LiBovis-UFRRJ

 

 

    

Referências consultadas:

BIBURGER, M.; LUX, A.; NIMMERJAHN, F. How immunoglobulin G antibodies kill target cells: revisiting an old paradigm. Advances in Immunology, v.124, p.67-94, 2014.

BITTAR, C. M. M. Substitutos ou suplementos de colostro para bezerros leiteiros, 2011. Disponível em: <https://www.milkpoint.com.br/colunas/carla-bittar/substitutos-ou-suplementos-de-colostro-para-bezerros-leiteiros-70384n.aspx#>. Acesso em: 25 jul. 2024.

BITTAR, C. M. M. et al. Qualidade nutricional e microbiológica de colostro bovino no Brasil, 2016. Disponível em: <https://www.milkpoint.com.br/colunas/carla-bittar/qualidade-nutricional-e-microbiologica-de-colostro-bovino-no-brasil-98711n.aspx#>. Acesso em: 25 jul. 2024.

CRIA, A. Perguntas e Respostas - Alta CRIA. 3. ed. Uberaba, Minas Gerais, 2023.

GODDEN, S. Colostrum Management for Dairy Calves. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v. 24, n. 1, p. 19-39, mar. 2008.

RUFINO, S. R. De. A. et al. MANEJO INICIAL DE BEZERRAS LEITEIRAS: COLOSTRO E CURA DE UMBIGO, 2014. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/106194/1/folder-ManejoInicialBezerras.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2023.

 

LIBOVIS - UFRRJ

A Liga de Bovinos, LiBovis, é um grupo de estudos constituído por alunos de graduação em Medicina Veterinária e áreas afins da UFRRJ. Tem como objetivos estudar, compreender e defender os interesses da bovinocultura contribuindo para sua valorização.

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