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Como manter a produção de leite diante das variações climáticas?

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PRODUÇÃO DE LEITE

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As variações climáticas geram desafios recorrentes para a produção leiteira, afetando diretamente a saúde e o bem-estar dos animais, além da disponibilidade de alimentos e a qualidade do leite. Eventos climáticos extremos, como ondas de calor, períodos de seca prolongados e chuvas intensas já são observados pelo Brasil. 

A meteorologista da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri/Ciram), Marilene Lima, apresentou “As mudanças climáticas no Sul do País – números e causas”, durante o Interleite Sul 2024 e esclareceu o que vem acontecendo com o clima na região Sul e as previsões para o restante do ano, incluindo a previsão do La Niña para final de 2024 e início de 2025. Os modelos indicam que o fenômeno deve ser mais fraco e com curta duração, ou até mesmo permanecer com características de neutralidade. 

Marilene também enfatizou que há diferenças entre eventos climáticos, eventos extremos e mudanças climáticas. Os eventos extremos ocorrem com grande impacto e em um curto período de tempo, com excesso de chuva ou ondas de calor intensas. Essas alterações são consideradas extremas justamente pela sua brevidade e intensidade. Já os eventos climáticos, são aqueles que estão dentro de um contexto de determinada época do ano, de uma estação. 

As mudanças climáticas, por sua vez, ocorrem em escalas de prazos médios e longos. Elas são monitoradas e acompanhadas globalmente, como o aumento gradual da temperatura, que não se limita a uma única região. Cada parte do planeta sofre mudanças de forma particular, dependendo de sua localização geográfica e outras características regionais específicas. No momento atual, estamos diante de uma emergência climática, com os incêndios no centro do país. Além disso, em 2024, o Brasil vivenciou outra emergência climática de muita relevância, quando volumes excessivos de chuva atingiram o estado do Rio Grande do Sul, no final do mês de abril e no começo de maio. 

Diante desse cenário, produtores de leite precisam adotar estratégias para manter a produtividade, enquanto minimizam os impactos negativos do clima. Isso envolve a implementação de práticas de manejo que promovam o bem-estar animal, a eficiência na utilização de recursos naturais e a resiliência das operações leiteiras frente às condições climáticas adversas. Incluindo a correta escolha, dependendo da região do Brasil, das espécies de plantas forrageiras que podem ser usadas para alimentação animal.

As alternativas genéticas de plantas e manejo de cultivos para compensar os efeitos da mudança climática foi o tema da palestra do pesquisador da Embrapa, Gilberto Cunha, no Interleite Sul 2024.  O pesquisador abordou a mudança do clima e o que pode ser feito no Sul do Brasil, em termos de otimização da exploração das plantas cultivadas, com foco, principalmente, na alimentação animal. 

“Precisamos olhar a mudança do clima global não com uma visão de catástrofe anunciada, temos que ter a percepção que é, também, um espaço para inovação. Muitas inovações tecnológicas decorrentes dessa aceitação já estão entre nós e nós não percebemos.”, pontua Cunha.

O pesquisador ressalta que o mundo todo está em alerta, com eventos climáticos extremos se tornando cada vez mais frequentes e intensos, afetando todo o globo, sem existir regiões imunes a essa mudança. Em alguns casos, essas mudanças podem trazer um benefício para uma região específica, como ocorreu na Argentina, onde a mudança para Oeste da linha de chuvas na região da Pampa Úmida transformou uma área semiárida em uma região agrícola produtora de soja, milho e girassol. No entanto, esses fatos foram acontecendo gradualmente, ao longo de muito tempo. 

No Brasil, já estamos vivenciando pequenas mudanças nos biomas brasileiros e é fundamental que o setor agrícola adote uma nova perspectiva diante das mudanças climáticas. Existem soluções que podem mitigar os efeitos dessas mudanças, e o agronegócio já conta com inovações e tecnologias em diversas áreas da cadeia produtiva. Um exemplo é o uso de bioinsumos e a produção de biocombustíveis.

Gilberto compartilhou alguns dados de um estudo publicado recentemente, que propõe estratégias com benefícios tanto ambientais quanto produtivos. “Há um espaço enorme para amenizar o problema ambiental e ainda alavancar a produção de alimentos para o rebanho leiteiro, como a utilização de cereais de inverno semeados no outono para a alimentação animal, seja a produção de pré-secado, de feno, silagem ou até pastejo direto, na região Sul do país, eliminando-se a nefasta prática do chamado pousio, que é quando depois da colheita da cultura de verão, cuja principal é a soja, não se dá um destino produtivo à área”.

Como benefício ambiental, essa estratégia permite que o solo fique coberto com plantas vivas durante quase todo o ano, com o plantio das culturas de inverno, que, no caso dos cereais, possuem grande potencial forrageiro. Além de promover maior saúde para o solo, deixando-o coberto e protegendo-o contra a erosão, essa prática também gera um balanço positivo, uma vez que a lavoura de inverno fará o sequestro de carbono da atmosfera, incorporando-o na sua biomassa. 

“Precisamos melhorar a exploração do outono e do inverno do Sul do Brasil  com cobertura viva, não com pousio, que propaga plantas daninhas e erosão, e nem com cobertura morta. Quando eu não tenho uma planta viva crescendo, não há o sequestro de carbono pela fotossíntese. Então dentro do manejo de culturas, é aí que entra também o sistema de plantio direto que, uma vez obedecidos todos os seus preceitos, absorve e reduz emissões.”, pontua Gilberto.

Com essa estratégia conseguimos colocar culturas vivas úteis para a alimentação animal, trazendo cultivos rentáveis para uso no inverno. Essa prática dilui os custos e aumenta os benefícios ambientais com o banimento do pousio e a intensificação no uso da terra nos 365 dias no ano, especificamente no caso de áreas que já são usadas para a produção de culturas anuais, sem a necessidade de aumento de área para uso no Sul do Brasil.

Essa estratégia pode auxiliar diretamente no aumento da competitividade do leite, na região Sul, com a redução dos custos em alimentação do rebanho, explorando a estação do outono-inverno para o cultivo dos cereais de múltiplos propósitos (grão, pasto, silagem, ração e até mesmo bicombustível, que gera como subproduto o DDG) como trigo, cevada, triticale, centeio e aveias.

Marilene reforça que a informação é essencial nesse processo e a previsão do tempo é fundamental para elaborar estratégias e manejos adequados para um determinado momento. “Se houver conhecimento prévio sobre períodos de chuvas intensas, os extensionistas, consultores e produtores de leite podem planejar práticas de manejo adequadas para minimizar os impactos climáticos. Em casos de excesso de chuva, a cobertura do solo se mostra uma medida eficaz para evitar erosão, assim como, em períodos de seca, conservar a umidade do solo”, salienta Marilene. Contudo, ela enfatiza que essa prática, isoladamente, não é suficiente. É necessário adotar modelos de produção biodiversos para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.

STEPHANIE ALVES GONSALES

Zootecnista formada pela Universidade Estadual de Maringá e pós-graduada em Gestão do Agronegócio. Integrante da Equipe de Conteúdo do MilkPoint.

FERNANDA ANTUNES

Engenheira Agrônoma pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC/CAV.

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