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Queijos funcionais e nutracêuticos

VÁRIOS AUTORES

INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 19/07/2024

8 MIN DE LEITURA

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O cenário epidemiológico do Brasil revela um aumento significativo nos casos de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como obesidade, hipertensão arterial sistêmica, osteoporose, diabetes mellitus e câncer. A estreita relação entre a prevenção e/ou tratamento dessas doenças e a adoção de uma alimentação saudável é amplamente reconhecida. Assim, a demanda por alimentos que promovam a saúde emerge como um desafio relevante para a indústria alimentícia (ZAMARCHI e MOLETA, 2021). Nesse contexto, é essencial conduzir uma série de estudos para investigar a criação de novos produtos capazes de preservar suas propriedades nutricionais. O uso de ingredientes funcionais e nutracêuticos destaca-se como uma alternativa promissora para enriquecer tanto nutricional quanto funcionalmente esses produtos inovadores.

O desenvolvimento de alimentos funcionais e nutracêuticos tem recebido considerável atenção devido ao seu potencial na promoção da saúde e na prevenção de doenças. Tais alimentos são formulados com ingredientes que oferecem benefícios além das funções nutricionais básicas, podendo auxiliar na redução do risco de DCNTs e melhorar a qualidade de vida (SILVA et al., 2023). Entre esses produtos, os queijos funcionais têm se destacado como uma categoria promissora, visto que são fontes naturais de nutrientes bioativos, como peptídeos bioativos, ácidos graxos ômega-3, vitaminas e minerais (TAVARES et al., 2022).

A incorporação de outros componentes bioativos nos queijos não apenas agrega valor nutricional, mas também confere propriedades funcionais, como atividade antioxidante, anti-inflamatória e imunomoduladora. Além disso, a utilização de tecnologias de encapsulamento e fortificação permite a entrega controlada desses compostos no organismo, maximizando sua eficácia terapêutica (SILVA et al., 2020). Portanto, este trabalho propõe explorar o potencial dos queijos funcionais e nutracêuticos como uma estratégia inovadora para a promoção da saúde e o bem-estar, destacando suas propriedades nutricionais, bem como os benefícios para a prevenção e o tratamento das DCNTs.

Alimentos funcionais

De acordo com a legislação atualmente em vigor no Brasil, os alimentos que possuem alegações funcionais são aqueles que contêm nutrientes como carboidratos, proteínas, lipídios e vitaminas, ou não nutrientes, como fibras alimentares e microrganismos probióticos, os quais têm efeitos fisiológicos benéficos. Em outras palavras, são alimentos que contribuem para melhorar a saúde e a qualidade de vida do consumidor (BRASIL, 1999). Conforme definido por Salgado (2017), os alimentos funcionais devem apresentar os atributos apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Aspectos e definições de alimentos funcionais.Aspectos e definições de alimentos funcionais.

Fonte: Dos autores, 2024.

Resumidamente, os alimentos funcionais são caracterizados por conter compostos que proporcionam melhorias ou benefícios à saúde. Exemplos incluem alicinas no alho, carotenoides em vegetais folhosos como espinafre, flavonoides em diversas frutas e algumas bebidas como vinho, glucosinolatos e ácidos graxos poli-insaturados em óleos como pequi ou girassol (Figura 1). Esses componentes devem ser facilmente consumidos junto com o alimento original, conferindo-lhe propriedades funcionais. Além disso, é essencial que os alimentos sejam seguros para o consumo humano, sem exposição a toxicidade ou efeitos adversos (SALGADO, 2017).

Figura 1. Exemplos de alimentos funcionais.

Exemplos de alimentos funcionais.

Fonte: Dos autores, 2024.

Um ponto crucial a ser ressaltado é que os alimentos funcionais, diferentemente dos medicamentos, não têm o poder de curar doenças, mas sim de conter componentes ativos que auxiliam na redução do risco ou na prevenção de certos tipos de enfermidades. Nesse contexto, observa-se a redução da incidência de doenças cardiovasculares, hipertensão, inflamações, câncer, diabetes, entre outras (ALBERT, SANTOS e LEANDRO, 2018).

Alimentos nutracêuticos

O termo nutracêutico refere-se a substâncias normalmente consideradas nutrientes, mas que, quando consumidas, proporcionam efeitos benéficos fisiológicos ao organismo humano, podendo prevenir e/ou tratar certas doenças. Estes compostos podem ser encontrados naturalmente em alimentos ou serem adicionados a estes com propósitos medicinais (ALBERT, SANTOS e LEANDRO, 2018). Também conhecidos como farmaconutrientes, os nutracêuticos contêm nutrientes que podem modular ou complementar funções metabólicas e fisiológicas (ALENCAR E MORAIS, 2021).

Destaca-se que o consumo de alimentos nutracêuticos contribui para a prevenção de deficiências nutricionais, o que tem impulsionado seu crescente uso, resultando na manutenção e melhoria da saúde, e consequentemente, na promoção de uma melhor qualidade de vida para os consumidores (ALENCAR e MORAIS, 2021). Os nutracêuticos podem ser categorizados em diversas classes, como descrito por Bertol, Machado e Puton (2019) e visto na Figura 2.

Figura 2. Classificação de nutracêuticos.

Classificação de nutracêuticos.

Fonte: Dos autores, 2024.

Esses componentes podem se manifestar de diversas formas, incluindo nutrientes isolados, cápsulas concentradas, suplementos dietéticos, produtos isolados, compostos à base de ervas e certos alimentos processados.

Queijos enriquecidos com ingredientes funcionais

Os queijos, além de serem alimentos apreciados por muitos devido à sua versatilidade e sabor, são também nutritivos, contendo quantidades significativas de proteínas, gorduras, cálcio e fósforo. Podem ser desfrutados diretamente à mesa ou utilizados como ingredientes em diversas preparações culinárias. Essa versatilidade oferece oportunidades para a veiculação de substâncias benéficas à saúde, como ingredientes funcionais como probióticos, ômega-3, antioxidantes ou vitaminas.

Sobral et al. (2014) produziu queijo prato esférico com adição de luteína, um corante de cor amarela com atributos benéficos à saúde, visando potencialmente se tornar uma alternativa na prevenção de doenças relacionadas à idade, como degeneração macular e catarata. Em suas pesquisas, constatou-se que a porcentagem de retenção de luteína no queijo foi inferior à porcentagem perdida no soro. A tecnologia desenvolvida neste estudo é considerada viável, desde que haja aumento no consumo diário deste queijo e aproveitamento do soro para a fabricação de bebidas lácteas ou outros subprodutos derivados do soro.

Os estudos conduzidos por Fadhlurrohman, Setyawardani e Sumarmono (2023) resultaram na síntese de queijo utilizando leite de vaca adicionado de chá preto ortodoxo, demonstrando resultados favoráveis em relação à atividade antioxidante. Constatou-se um aumento significativo de 33,40% na atividade antioxidante em comparação com o queijo sem a adição desse composto. Além disso, observou-se uma melhoria na cor e na acidez titulável do produto final.

Já as pesquisas realizadas por Al-Hamdani, Ahmed e SalwaKhudadat (2021) incorporaram plantas medicinais, tais como gengibre, canela, licopeno e azeite, visando aprimorar as características sensoriais do queijo branco de pasta mole. Observou-se que a adição desses ingredientes resultou em melhorias significativas na cor, sabor e odor do produto final. Além disso, constatou-se que o gengibre, a canela, o licopeno e o azeite proporcionaram componentes bioativos, como o gingerol, o ácido cinâmico, o licopeno e o fenol total, respectivamente. Tais componentes desempenharam um papel crucial ao conferir maior atividade antibacteriana e antioxidante ao queijo.

A diversidade de pesquisas sobre a incorporação de ingredientes benéficos à saúde em queijos, destaca o potencial desse produto como veículo para promover o bem-estar. Essas descobertas ressaltam a versatilidade dos queijos como veículos para promover a saúde, fornecendo não apenas nutrição, mas também benefícios adicionais para o consumidor.

 Considerações finais

O aumento da incidência de doenças crônicas no contexto brasileiro evidencia a necessidade premente de estratégias de saúde inovadoras. Os alimentos funcionais e nutracêuticos emergem como elementos promissores nesse cenário, oferecendo um potencial significativo na mitigação dessas enfermidades. Nesse sentido, os queijos enriquecidos despontam como uma categoria particularmente promissora, por fornecerem não apenas nutrientes essenciais, mas também incorporarem componentes bioativos, como antioxidantes e ácidos graxos ômega-3, reconhecidos por suas propriedades benéficas à saúde. Estudos recentes corroboram essa perspectiva ao demonstrarem resultados promissores, que abrangem desde a potencial prevenção de doenças relacionadas ao envelhecimento até a melhoria das propriedades sensoriais e antioxidantes dos produtos. Em síntese, os queijos funcionais e nutracêuticos representam uma significativa oportunidade na indústria alimentícia, capaz de promover não apenas a saúde e o bem-estar, mas também de responder à crescente demanda por alimentos que contribuam para a adoção de estilos de vida mais saudáveis.

 

Agradecimentos

Os autores agradecem as instituições que contribuíram diretamente para a execução desse trabalho, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), ao Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais, Campus Rio Pomba e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Instituto de Laticínios Cândido Tostes (EPAMIG-ILCT).

 

Referências

Alencar, B. B. M. de; Morais, Y. de J. Nutraceutics and their benefits for user health: integrative literature review. Research, Society and Development, [S. l.], 10, 12, 484101220396, 2021.

Albert, A. L. M., Santos, J. R. M. P., Leandro, K. C. Importância de uma regulamentação específica com as definições e classificações dos produtos comercializados como suplementos alimentares, alimentos funcionais e nutracêuticos. Ic, Rio de Janeiro, 19, 3, 54-67, 2018.

Al-Hamdani, H. M. S., Ahmed, S. H., SalwaKhudadat. Developing   soft   cheese   industry   supported   with   medicinal herbs as functional food. Iraqi Journal of Market Research and Consumer Protection. 2021, 13, 1, 1-13.

Bertol, C.; Puton, B. F.; Machado, G. Nutracêuticos: aspectos legais e científicos. Revista Eletrônica de Farmácia, Passo Fundo, 2, 1-9, 2019. Disponível em:  <https://revistas.ufg.br/REF/article/view/47950/34397>. Acesso em: 03 junho 2023.

Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RES n°18, de 30 de abril de 1999. Diretrizes básicas para análise e comprovação de propriedades funcionais e ou de saúde alegadas em rotulagem de alimentos. Brasília, 1999.

Fadhlurrohman, I., Setyawardani, T., e Sumarmono, J. Development of Cheese as an Antioxidant Functional Food with the Addition of Orthodox Black Tea. ropical Animal Science Journal, 46, 3, 367-374, 2023.

Salgado, J. Alimentos Funcionais. São Paulo: Oficina de Textos, 2017. 256.

Silva, C. C. G., Alvarenga, V. O., & Borges, M. F. 2020. Nanoencapsulation as a tool for bioavailability enhancement of nutraceuticals: An overview. Current Opinion in Food Science, 32, 53-60.

Silva, G. H. R., Salgado, P. R., Tonon, R. V., & Cabral, L. M. C. 2023. Functional and Nutraceutical Cheese Products: An Overview. In Encyclopedia of Food Chemistry, 19-28. Elsevier.

Sobral, D.; Costa, R. G. B.; Teodoro, V. A. M.; Moreira, G. M. M.; Paula, J. C. J.; Novaes, T. O. Quantificação e porcentagem de recuperação de luteína adicionada na fabricação de queijo prato esférico. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora, 69, 6, 405-414, 2014.

Tavares, T. G., Fernandes, A. M., Delgado, T., Gomes, D., Pintado, M., Malcata, F. X., e Gomes, A. M. P. 2022. Functional Cheeses: A Comprehensive Review. In Dairy in Human Health and Disease Across the Lifespan, 193-210. Academic Press.

Zamarchi, C. T. e Moleta, M. B. Benefícios da aplicação de fibras alimentares à base de polidextrose e inulina em alimentos funcionais: revisão integrativa. 2021.

TATIANE TEIXEIRA TAVARES

Bolsista de pesquisa nível I do Instituto de Laticínios Cândido Tostes - EPAMIG-ILCT.

RAFAELA TEIXEIRA RODRIGUES DO VALE

Eng. de Alimentos (UFCG), Mestre e Doutora em C&TA (UFV-DTA), Profª coordenadora do Núcleo de Estudos em Queijos (NEQue) do IF Sudeste MG Rio Pomba.

LUISA CORDEIRO DE OLIVEIRA

Bolsista de pesquisa nível II do Instituto de Laticínios Cândido Tostes - EPAMIG-ILCT.

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